Itália entra em dias decisivos. Novos casos na Lombardia ainda são muitos

Durante três dias registou-se uma descida de novos casos no Norte. Mas hoje voltaram a subir. O país registou mais 345 mortes, sendo o total agora de 2503. Houve mais 3526 casos confirmados em 24 horas, num total que ultrapassa os 31 mil desde fevereiro.
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Os italianos já perceberam que o combate ao coronavírus vai durar longas semanas. Mas os próximos dias serão muito importantes para se perceber se o isolamento no norte, iniciado semanas antes do resto do país, está a surtir efeitos. Os novos casos na região da Lombardia diminuíram desde sábado, a um ritmo lento, até domingo mas hoje voltaram a subir.

Os especialistas alertam que é preciso que a tendência de descida seja contínua e se acentue nos próximos dias para se confirmar que a curva de novos casos vai mudar. Há ainda receios que uma tendência de descida no Norte não tenha correspondência no resto do país e um estudo aponta que o pico no país será atingido entre 23 e 25 de março. Daí a ordem: "Mantenham-se em casa. É necessário evitar qualquer saída, qualquer contacto desnecessário."

Hoje, terça-feira, foram registadas mais 345 mortes no país, com o total de óbitos a ser agora de 2503. No país houve 31506 pessoas infetadas, das quais 26062 ainda estão doentes, são os chamados casos ativos. Mas, pela positiva, registam-se 2941 casos dados como recuperados. Contudo, todas as regiões registaram novos casos.

Na Lombardia, no norte, região que entrou isolamento social ainda em fevereiro e em quarentena total a 8 de março, há 16620 casos ativos, com 1640 mortes. No sábado a região onde se situa Milão registou 1865 novos casos. No domingo o número foi 1575 e segunda-feira foram 1377. Esta terça-feira foram registados 1571 novos casos, o que significa que a descida foi interrompida, mas de forma ligeira. Os próximos dias são importantes para ver como se move este indicador. São números ainda muito altos e que não permitem avaliar se a região entrou já na fase de diminuição do contágio.

O especialista em doenças infecciosas Massimo Galli disse ao jornal Corriere della Sera que chegou um "momentos cruciais da batalha" e que a quarentena deve manter-se nas medidas rigorosas até agora implementadas. É isso que a autoridades têm comunicado, com novas medidas diárias para combater o coronavírus além de outras para manter a coesão social e a economia, como foi o caso da proibição dos despedimentos durante dois meses, com o Estado a assumir apoios financeiros.

Bergamo, na Lombardia, é a cidade mais atingida. Em sete dias houve 385 mortes por causa do covid-19. O hospital local já não consegue dar resposta. As 80 camas de terapia intensiva, reservadas para doentes hospitalizados em condições graves, estão todas ocupadas, com a necessidade de fazer transporte de doentes para outras regiões.

Telemóveis dizem que só 40% cumpre quarentena

As autoridades da Lombardia revelaram que foi ativada uma tecnologia em colaboração com empresas de comunicações móveis, o que permitiu calcular que apenas 40% cumpre integralmente a quarentena, tendo em conta os movimentos atuais comparados com os efetuados a 20 de fevereiro quando não havia medidas de isolamento.

"É necessário ficar em casa o máximo possível, 40% não é suficiente para nos dizer que podemos conter o vírus da melhor maneira possível", disse o vice-presidente da região da Lombardia, Fabrizio Sala, exibindo um gráfico com a tendência dos movimentos populacionais. "Esses movimentos, entre outras coisas, são de pessoas que se movimentaram por mais de 300/500 metros."

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