"Chegou Guaidó, chegou Guaidó. A democracia já chegou", grita a comunidade venezuelana em Lisboa na Praça do Comércio. Uma de cinco manifestações noutras tantas cidades portuguesas - Porto, Aveiro, Faro e Funchal - que se unem a centenas de outras na Venezuela e no mundo, para mostrar o apoio a Juan Guaidó, que se declarou presidente interino da Venezuela..Ana Maria é dentista e está em Portugal há 14 anos. Filha de portugueses diz que saiu quando as coisas já começavam a ficar mal, ainda sob a presidência de Hugo Chávez, que morreu em 2013 deixando Nicolás Maduro no seu lugar. Veio ao protesto organizado pela Venexos porque quer "liberdade" e é "muito doloroso assistir de longe"ao que se passa na Venezuela. "Nem partilho fotos nas redes sociais, porque tenho família lá e sei que eles não têm acesso a muita coisa", contou ao DN..Em relação a Guaidó, Ana Maria diz que é a esperança dos venezuelanos. "Houve uma altura que precisámos de alguém aguerrido, mas agora precisamos de alguém mais calmo como ele", refere, lembrando que apesar de ele há um mês ser quase um desconhecido, a verdade é que participou desde sempre nos protestos contra o regime. E diz que sente que ele está protegido, graças ao apoio da comunidade internacional. "Se não estivesse protegido, já tinha tido outro destino", explica..Noutra zona da Praça do Comércio, onde se reúnem cerca de uma centena de pessoas, Fabiola Zerpa também tem uma bandeira venezuelana nas costas. Está em Portugal há seis meses. "Tive que sair, já não havia trabalho, o que se ganhava não dava para pagar nada, não havia segurança", contou. A irmã é casada com um português e foi por isso que escolheu o país. Já o filho, está no Chile há mais tempo. "Não tinha oportunidades na Venezuela.".Tanto Ana Maria como Fabíola acreditam que a situação vai acabar em guerra civil na Venezuela. "O Maduro não vai querer sair. Infelizmente acho que pode acabar numa guerra civil", lamenta Fabíola, que é educadora. A hipótese de uma intervenção militar de outro país torna-se assim também uma hipótese. "Acho que será a única forma de isto acabar", conta, lembrando que ainda vão passar muitos anos até a Venezuela recuperar.."A esperança é acordar um dia de manhã e ler nas notícias, nas redes sociais, que Maduro se foi embora. Esse é o sonho de todos os venezuelanos", explicou Fabíola..Porto.Além de Lisboa, houve manifestação noutras quatro cidades portuguesas: Porto, Aveiro, Faro e Funchal. No Porto, o protesto foi na Praça da Liberdade..Funchal.Mais de duas centenas de pessoas concentraram-se hoje na Praça do Município, no Funchal, mostrando ao mundo que "estão do lado" de Guaidó e solicitando que Portugal o reconheça.."Hoje a nível mundial vão saber que estamos, 90% dos venezuelanos do lado correto da história, para alcançar a democracia e liberdade, é do lado de nosso presidente realmente eleito, Juan Guaidó", disse Aura Rodrigues da associação Venexos. A responsável destacou que a manifestação teve como único objetivo "apoiar o presidente interino, que é Juan Guido".."Não é fácil para os venezuelanos traçar este caminho, mas vamos superar e falta pouco", declarou, recordando que "durante a ditadura de Nicolás Maduro morreram cerca de 250 pessoas", 45 das quais em 2019, além de pedir a liberdade de todos os presos políticos naquele país latino-americano..Depois de ler o nome destas últimas 45 vítimas, os manifestantes observaram um minuto de silêncio e entoaram os hinos da Venezuela e de Portugal..Aveiro.Centenas de pessoas concentraram-se também no Rossio, em Aveiro, exigindo que cesse "a usurpação do poder" de Maduro, que seja formado um governo de transição e realizadas eleições "livres e democráticas" na Venezuela..Muitos vestidos com trajes de amarelo, vermelho e azul, outros simplesmente com chapéus tricolores, com as cores da bandeira venezuelana, juntaram-se no Rossio para responder ao apelo de Juan Guaidó, agradecendo a posição assumida por Portugal e pelo Parlamento Europeu, em relação à situação política da Venezuela..Cantados os hinos de Portugal, país de acolhimento, e da Venezuela, pátria de nascimento ou "do coração", seguiram-se palavras de ordem contra o regime de Maduro e de apoio à oposição..Sofia Marques, do núcleo da região centro da Associação Civil de Venezuelanos, que organizou a manifestação, pediu um minuto de silêncio em homenagem aos que morreram "para libertar a Venezuela" desde que Maduro assumiu o poder..Com Lusa