Theresa May pressionada a demitir-se
Dirigentes conservadores e trabalhistas vão reunir-se esta tarde para mais uma ronda de conversações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia enquanto a governante e líder dos conservadores recebe pressões internas para sair de cena.
Theresa May deve reunir-se também com Graham Brady. O deputado preside ao Comité 1922, grupo parlamentar tory constituído por quem não tem cargos no governo, e que tem a responsabilidade de receber as cartas de colegas que pedem a demissão do líder e convocar uma moção de censura, como aconteceu em dezembro do ano passado. Então Theresa May recebeu 117 votos contra e 200 a favor.
Segundo as regras do partido, os deputados não podem desafiar a liderança nos 12 meses seguintes a uma moção de censura, embora tenha havido quem se mostrasse favorável a uma mudança do regulamento. Graham Brady recusou tal pretensão, mas pediu um "plano preciso" sobre o futuro de Theresa May. O mesmo afirmou Geoffrey Clifton-Brown, tesoureiro do Comité, à BBC, que apontou para as eleições europeias de dia 26: "Diria que, pouco tempo depois, seria altura de ela pensar em estabelecer um calendário para encontrar o seu sucessor."
Fontes do governo desvalorizam a reunião com o Comité 1922, ao dizer que é de rotina, mas a pressão para que May se demita está a aumentar. Os tories da associação de Clwyd South (País de Gales) foram os primeiros a mostrar o seu descontentamento. Votaram no dia 24 de abril sobre May na chefia do partido: 88,8% mostrou não ter confiança na primeira-ministra. As organizações conservadoras locais vão realizar uma convenção nacional e daí sairá um voto de censura ou de confiança na sua liderança em 15 de junho. No entanto, este voto não é vinculativo, pelo que Theresa May pode não retirar as consequências. Não seria a primeira vez: Theresa May sofreu a maior derrota parlamentar de sempre, quando o seu acordo para o Brexit foi rejeitado e, no entanto, não se demitiu.
Espera-se que a primeira-ministra ofereça um compromisso aos trabalhistas e passe a bola do Brexit para as mãos de Jeremy Corbyn, ao entrar na sexta semana de conversações entre os dois maiores partidos britânicos.
Esse compromisso deverá passar por uma união aduaneira temporária e poderá interessar às lideranças dos dois partidos, que foram castigados nas eleições locais na semana passada.
No entanto, a ideia de uma união aduaneira, ainda que temporária, não é aceite pelos conservadores brexiteers, nem por muitos trabalhistas que exigem uma união aduaneira permanente com a UE e um segundo referendo sobre qualquer acordo final.
"Pessoalmente, penso que qualquer tipo de união aduaneira permanente não funcionaria a longo prazo porque a nossa economia é demasiado grande, mas vamos ver o que os partidos pensam", disse à BBC Jeremy Hunt, ministro dos Negócios Estrangeiros.