"Derrota histórica" ou "Brextinct": o que dizem os jornais britânicos
Os jornais britânicos são unânimes na forma como analisam a derrota da primeira-ministra Theresa May na votação do Brexit, apelidando-a de "derrota histórica", de "humilhação completa" ou de "humilhação histórica". Um dos tabloides fala até numa extinção do Brexit, que apelida de "Brextinct". Numa antecipação do dia de hoje, durante o qual May enfrenta uma moção de censura no Parlamento, há jornais que escrevem que a primeira-ministra "luta pela sua vida".
O jornal escreve que May sofreu a "pior derrota de que há registo" e que o acordo de Brexit está "transformado em pó". No editorial, titulam "a primeira-ministra sofreu uma derrota humilhante. Ela leu mal a União Europeia, leu mal o seu partido e leu mal o parlamento".
"A primeira-ministra lidera um partido que está dividido e um país que está a armazenar comida e medicamentos como se se preparasse para a guerra. Ela precisa de humildemente estender a mão aos seus opositores e encontrar uma forma de evitar que o Reino Unido saia sem acordo da União Europeia em semanas", lê-se no editorial do jornal que, na primeira página, publica uma foto da sala do voto do "não" cheia durante a votação do acordo do Brexit (os deputados britânicos votam entrando em diferentes salas: uma do sim, outra do não).
"Culpem os brexiteers pela farsa de ontem à noite", escreve o colunista Daniel Finkelstein no The Times, alegando que foram os conservadores defensores do Brexit que antes defendiam mudanças pragmáticas no relacionamento do Reino Unido com a Europa que se tornaram "fanáticos irresponsáveis". O jornal escreve que Theresa May está sob pressão crescente para adiar o Brexit depois de ter tido a pior derrota da história política no Parlamento.
O acordo de Brexit de May "produto de dois anos de negociações tortuosas em Bruxelas" foi "rejeitado esmagadoramente" no Parlamento, escreve o jornal britânico na sua primeira página. Num artigo assinado pelo principal correspondente em Bruxelas, Alex Barker, defende-se que a derrota de May não é apenas "um golpe histórico para a primeira-ministra", mas também "um momento de avaliação da longa estratégia da União Europeia sobre a saída do Reino Unido do bloco".
O diretor do jornal, Oliver Duff, escreve que May é "uma primeira-ministra zombie" mas que "vai ganhar o voto de não confiança" e que depois de não a conseguir afastar, o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, vai ser forçado pela sua própria bancada a apoiar um segundo referendo.
O tablóide faz uma montagem e coloca a cara da primeira-ministra britânica num dodo, um animal que está extinto.
O tabloide que é pró-Brexit faz um jogo de palavras com o título "Dismay", que significa desalento e incluí o nome da primeira-ministra britânica. O jornal escreve na sua primeira página que May "lutou valentemente pelo seu acordo mas sofreu uma derrota esmagadora por 230 votos. Esta nação está a clamar por união, mas tudo o que Jeremy Corbyn [líder trabalhista] quer é afastar a primeira-ministra. Agora é hora dos deputados cumprirem o seu dever e trabalharem com Theresa May por um acordo que satisfaça os 17,4 milhões que votaram pelo Brexit.... Não nos falhem."
"A primeira-ministra pediu aos rebeldes conservadores para a apoiarem no voto de censura desta noite", escreve o tabloide, deixando o aviso: "outra derrota pode desencadear eleições e pôr Jeremy Corbyn em Downing Street".
O tabloide centra-se na moção de censura acionada por Jeremy Corbyn depois da derrota da votação do Brexit, falando na "humilhação" de Theresa May.
O jornal lembra que a derrota de May, por 230 votos, é a pior de sempre na história do Parlamento britânico. Mas lembra que a primeira-ministra deve sobreviver esta noite à moção de censura e que só faltam 72 dias para a saída do Reino Unido da União Europeia.