De maca e sedados. Como foram retirados da gruta os 12 rapazes tailandeses
Afinal, como foram retirados da gruta de Tham Luang os 12 rapazes tailandeses que ficaram mais de duas semanas presos? O mundo acompanhou a operação de resgate ao minuto mas só ontem se soube pormenores claros do que aconteceu dentro do sistema de grutas. E alguns contradizem aquilo que se pensava saber.
O plano inicial previa que os 12 jovens tailandeses e o treinador de futebol, que há 17 dias estavam presos na gruta Tham Luang, de lá saíssem a nado, com a ajuda de mergulhadores. Mas afinal, o resgate acabou por ser um pouco diferente. Um vídeo publicado na quarta-feira no Facebook da Marinha Tailandesa confirma isso mesmo.
Os meninos, com idades compreendidas entre os 11 e os 16 anos, e o treinador, de 25, acabaram por ser sedados, vestidos com fatos de mergulho e máscaras de oxigénio de pressão e transportados em macas de borracha com pegas, que foram levadas pelos socorristas durante todo o caminho até à superfície.
Nas áreas inundadas, as camas improvisadas eram puxadas pelos mergulhadores; nas zonas secas, eram presas a cabos através de roldanas. Os mergulhadores treinaram com crianças locais, com a mesma constituição física dos desaparecidos, numa piscina local.
Relatos citados pelo jornalista do jornal britânico The Guardian no local apontavam para que os rapazes tivessem sido medicados para não ficarem "nervosos ou em pânico".
As crianças estavam a uma distância de 3,2 km no interior da gruta e o processo de extração durou horas para cada criança.
Segundo a BBC , em áreas totalmente submersas, os jovens foram amarrados a um mergulhador de resgate, com outro logo atrás. Os mergulhadores foram guiados através do escuro por linhas de mergulho. Nas zonas mais estreitas, os socorristas tiveram de retirar as suas botijas de ar, bem como as dos meninos para conseguirem passar.
"Alguns deles dormiam, alguns balançavam os dedos... (como se estivessem) grogues, mas todos respiravam", disse o Comandante Chaiyananta Peeranarong ao britânico The Telegraph , acrescentando que os médicos posicionados ao longo dos corredores escuros da caverna de Tham Luang estavam constantemente atentos aos batimentos cardíacos das crianças.
Os 12 jovens e o treinador estavam desaparecidos desde o dia 23 de junho, depois de terem sido surpreendidos pela inundação da gruta Tham Luang, que tinham descido para explorar depois de um treino de futebol.
Foram descobertos por mergulhadores britânicos na caverna a 3 de julho. Um dia depois, receberam comida e foram avaliados por um médico.
Assim surgiu a primeira ideia de salvamento: esperar cerca de quatro meses, até ao final da época das monções - que vai de junho a outubro. Depressa caiu por terra.
Se por um lado, esperar pela estação seca permitia sair da gruta com mais segurança, por outro, manter os jovens naquele ambiente tanto tempo colocava em risco as suas vidas.
Outra condicionante era a logística que era necessária manter nesses meses - a nível de comida, água potável e assistência médica - para garantir a sobrevivência do grupo.
Precisamente para salvaguardar o bem-estar físico e psicológico dos jovens, a operação de salvamento tinha de ser feita de forma rápida. Demorou três dias, de domingo, 8 de julho, a terça-feira, 10, e foi feita em grupos de quatro, dos maios fortes para os mais fracos.
Para sair da gruta, os socorristas prepararam o grupo para andar, rastejar e mergulhar. Porém, a fragilidade acentuada das crianças aliado ao facto de alguns não saberem nadar e de as aulas de mergulho não terem surtido grandes avanços, levou a equipa de salvamento a decidir pela retirada dos jovens em macas, sedados.