Apenas dois turistas, com um gosto especial por arquitetura religiosa. Foi assim que de acordo com o The Guardian , dois homens identificados como Ruslan Borishov e Alexander Petrov se apresentaram numa entrevista à televisão russa RT, menos de um dia depois de o presidente Vladimir Putin ter apelado a que os dois suspeitos de terem envenenado o ex-espião Sergei Skripal, com um agente nervoso de uso militar, contassem publicamente a sua história..Os dois homens, que aparentavam poder ser os mesmos identificados numa imagem de videovigilância divulgada pelas autoridades britânicas, garantiram - tal como Putin fizera na véspera, ao anunciar que estes tinham sido localizados - que eram apenas civis e nada tinham que ver com o envenenamento com o agente nervoso novitchok que, em março, deixou em estado crítico Skipral e a sua filha, Yulia..A sua estadia em Salisbury na altura do ataque, insistiram, foi mera coincidência: "Há muito tempo que os nossos amigos nos sugeriam que visitássemos esta cidade maravilhosa", contou o homem identificado como Alexander Petrov. "Tem esta catedral maravilhosa, famosa não só na Europa mas em todo o mundo. É famosa pela sua torre de 123 metros de altura e o seu relógio, o mais antigo do género ainda em funcionamento"..O caso Skipral contribuiu decisivamente para um clima de crispação entre a Rússia e vários países ocidentais - em particular o Reino Unido e os Estados Unidos - ao qual já não se assistia desde os tempos da Guerra Fria, com expulsões de diplomatas, sanções e trocas de acusações entre as duas partes. O Reino Unido acusou formalmente, in absentia (à revelia), Ruslan Borishov e Alexander Petrov, que considera serem agentes dos serviços secretos russos (a GRU)..Skipral foi, ele próprio, um espião russo que, na década de 1990, se terá tornado num agente duplo, começando a passar informações à Scotland Yard. Tal como a filha, sobreviveu ao ataque e está atualmente sob proteção das autoridades britânicas.