Subida ao Evereste. Número de mortes não para de aumentar
Escalar a montanha mais alta do mundo pode representar o sonho de uma vida mas também a morte. Só este ano já morreram 11 alpinistas no monte Evereste, com 8.848 metros de altitude. Christopher Kulish, advogado norte-americano, é a vítima mais recente. O elevado número de pessoas a subir o monte Evereste, que chega a ter filas em direção ao cume, é uma das causas apontadas para o aumento de mortes.
Kulish morreu a fazer o que mais amava. "Ele viu o seu último nascer do sol no ponto mais alto da terra", disse, em comunicado, a família do alpinista. Depois de ter atingido o cume da montanha, pelo lado nepalês, o advogado, que fez 62 anos em abril, morreu subitamente na segunda-feira quando estava a descer o Evereste, afirmou à CNN, Meera Acharya, diretora do departamento de turismo do Nepal.
Entre as vítimas mortais está o guia nepalês Dhruba Bista. Depois de cair na montanha, foi transferido de helicóptero para o campo base onde viria a falecer na sexta-feira. No mesmo dia, o alpinista irlandês Kevin Hynes, de 56 anos, morreu quando estava na sua tenda, a sete mil metros de altitude.
Já na quinta-feira, o austríaco Ernst Lanfgraf, de 63 anos, morreu depois de concretizar o sonho de subir à mais alta montanha do mundo. Foi a terceira vítima mortal nesse dia. Dois indianos, Kalpana Das, de 52 anos, e Nihal Bagwan, de 27, também não resistiram.
Um dia antes, morreram duas pessoas, o norte-americano Donald Cash e a indiana Anjali Kulkarnji, ambos de 54 anos. Na semana anterior, o alpinista indiano Ravi, de 28 anos, também sucumbiu no Evereste.
De acordo com a Associated Press, as operações para tentar encontrar o alpinista irlandês Seamus Lawles, de 39 anos, foram canceladas. O professor de Dublin caiu quando estava a descer o Evereste.
A superlotação originada pelo aumento de expedições, a falta de experiência de muitos alpinistas e as condições climáticas adversas são apontadas como as principais causas por esta ser uma das temporadas com mais mortes no monte Evereste.
O alpinista Robin Haynes Fisher chegou a alertar para a superlotação na montanha antes de morrer. No Instagram, o britânico avisou para os perigos da multidão que tentava escalar o Evereste e escreveu que queria evitar engarrafamentos. Por essa razão, informou que adiava a escalada. Morreu no passado dia 25 de maio na chamada "zona da morte", conhecida por concentrar baixos níveis de oxigénio.
"Já vi engarrafamentos nas montanhas antes, mas não com tantas pessoas a uma altitude tão alta", disse o alpinista Nirmal Purja, citado pelo The New York Times . Purja partilhou no Twitter uma imagem onde é possível ver uma fila enorme, com mais de 200 pessoas, em direção ao cume do Evereste. Apesar da multidão, conseguiu chegar ao ponto mais alto do mundo.
Ouvido pela CNN, o guia da montanha Adrkian Ballinger refere que um dos problemas é "a falta de experiência tanto dos alpinistas como dos operadores comerciais". Como consequência, diz, registam-se filas até ao cume da montanha, com "pessoas a tomar decisões erradas, metem-se em apuros e acabam por existir fatalidades desnecessárias".