"Engarrafamento" no Evereste. Mais de 300 tentam subida, cinco morreram
Um norte-americano de 54 anos e uma mulher indiana morreram na quarta-feira na descida do monte Evereste, num dia que ficou marcado por um "engarrafamento" na montanha mais alta do mundo. O alpinista Nirmal Purja publicou no Twitter uma imagem na qual é visível uma fila que terá tido mais de 200 pessoas para chegar ao cume. Já na quinta, as filas continuaram e houve mais três mortos.
"Já vi engarrafamentos nas montanhas antes, mas não com tantas pessoas a uma altitude tão alta", disse Purja. Se o tempo tivesse piorado, "poderia ter sido um verdadeiro desastre", acrescentou, citado pelo The New York Times. Mas mesmo com bom tempo pode ser perigoso, devido à falta de oxigénio ou a possibilidade de queimaduras pelo gelo -- a zona acima dos oito mil metros é conhecida como a Zona da Morte. Pelo menos dois alpinistas morreram após atingir o cume de 8848 metros na quarta-feira.
As autoridades nepalesas emitiram 381 autorizações para a subida para esta temporada. Cada uma custa cerca de 11 mil dólares (quase dez mil euros).
O gurkha (soldados de origem nepalesa recrutados para uma força especial dentro do exército britânico), galardoado pela rainha em 2018 pelas suas conquistas em alpinismo, está a tentar subir aos 14 picos mais altos dos Himalaias em apenas uma época de sete meses. O atual recorde é de sete anos, 11 meses e 14 dias, do polaco Jerzy Kukuczka. Purja lançou o Projeto Possível e uma campanha de crowdfunding para o conseguir fazer.
Na quarta-feira, Purja anunciou que tinha subido ao Evereste apesar do "engarrafamento", publicando a imagem da fila de alpinistas à espera da oportunidade para fazerem o mesmo. O bom tempo terá estado na origem da fila, que tinha mais de 200 pessoas. No mesmo dia, subiu ainda ao vizinho pico de Lhotse.
Uma das vítimas mortais de quarta-feira é o norte-americano de 54 anos, Donald Cash, que morreu depois de colapsar enquanto tirava fotografias no cume do Evereste, segundo a Pioneer Adventures, responsável pela expedição. Apesar de os sherpas que o acompanhavam terem conseguido reanimá-lo, tiveram que o tentar arrastar até ao acampamento 4, mas no caminho acabaria por perder novamente a consciência.
A outra vítima foi Anjali Kulkarni, uma indiana de 54 anos que fez a subida ao Evereste com o marido, junto com a Atun Treks and Expedition. "Por causa do engarrafamento e da demora em regressar, ela não conseguiu manter a energia", indicou o responsável do grupo.
Já na quinta-feira, com a continuação do bom tempo e dos "engarrafamentos", houve registo de mais três mortos, entre os quais dois indianos. Kalpana Das, de 52 anos, e Nihal Bagwan, de 27, segundo a imprensa local. Uma terceira vítima mortal é um austríaco de 65 anos.
Em 2018, houve um número recorde de pessoas a conseguir alcançar o cume do Evereste: 563 fizeram a subida a partir do Nepal, enquanto outros 239 chegaram a partir do Tibete, num total de 802 pessoas. Cinco morreram.