Político pede a cabeça de atriz de Bollywood (e oferece mais de um milhão de recompensa)

Filme é polémico porque retrata relação de governante muçulmano com rainha hindu
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Um político do partido no poder na Índia ofereceu uma recompensa de 100 milhões de rupias (1,3 milhões de euros) a quem decapitasse uma atriz de Bollywood, no domingo. Deepika Padukone protagoniza um filme que enfureceu os hindus mais fundamentalistas, por causa da relação de uma rainha hindu e de um governante muçulmano. O apelo de Suraj Pal Amu já obrigou a polícia a destacar agentes para proteger a estrela e a sua família.

Padukone, um dos nomes mais conhecidos de Bollywood, é a protagonista de Padmaavat, que é baseado num poema épico. O filme explora a relação de uma rainha hindu do clã guerreiro Rajput e do governante muçulmano Alauddin Khilji. Tinha estreia marcada para 1 de dezembro, mas os produtores já adiaram o lançamento e foi banido em dois estados, ambos governados pelo Partido Nacionalista hindu do primeiro-ministro Narendra Modi, o Bharatiya Janata Party (BJP).

O partido de Modi limitou-se a pedir que o político Suraj Pal Amu pedisse desculpa publicamente depois de ter feito aquela ameaça, eue se estendia também ao realizador do filme, Sanjay Leela Bhansali. "Não toleraremos comentários violentos dos membros do nosso grupo, mas também queremos que o realizador respeite a história da Índia", disse Anil Jain, chefe da unidade do BJP em Haryana, à qual pertence Suraj Pal Amu.

Membros de grupos mais fundamentalistas e do BJP criticaram o filme, acusando Bhansali de ter distorcido a história do poema ao mostrar o agressor muçulmano como o "amante" da rainha hindu. O realizador foi mesmo atacado no local das filmagens em janeiro por uma organização Rajpute - alguns Rajputes acreditam que a rainha escolheu a autoimolação para fugir aos avanços sexuais do rei muçulmano. No entanto, apesar de o cerco ao forte de Chittorgarh ter realmente acontecido, no século XVI, há poucas provas de que a rainha Padmaavat seja uma figura histórica real.

Keshav Prasad Maurya, vice-ministro da região do Uttar Pradesh, o estado mais populoso da Índia, disse que não permitiria o lançamento do filmea menos que as cenas que mostram a rainha de forma negativa sejam retiradas. "Como pode o agressor muçulmano ser retratado como o herói e o rei e a rainha hindus como vítimas? Isso é factualmente incorreto", disse Maurya.

Os filmes indianos que abordam as relações históricas dos hindus, a religião da maioria dos indianos, e muçulmanos são muitas vezes controversos.

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