O juiz Brett Kavanaugh passou o primeiro voto para a sua confirmação para o Supremo Tribunal dos EUA , obtendo o "sim" à sua nomeação dos 11 republicanos que fazem parte da Comissão Judicial do Senado. Os dez democratas votaram contra, um dia depois do testemunho de uma das três mulheres que acusam o candidato proposto pelo presidente Donald Trump de abuso e assédio sexual na juventude..Com o voto favorável da Comissão, o caso passa agora para o Senado, onde os republicanos têm uma curta maioria de 51 contra 49. A data da votação final não é ainda conhecida (mas haverá uma votação processual já este sábado), cabendo essa decisão ao líder da maioria no Senado, Mitch McConnell. Um dos senadores republicanos pediu que a votação não aconteça antes do espaço de uma semana, para permitir uma investigação "limitada" do FBI, fazendo depender o seu voto final desta, mas a Comissão não tem poder para tomar esta decisão..O voto favorável a Kavanaugh não surpreendeu, depois de um dos senadores republicanos que tinha um voto-chave (era um dos indecisos) anunciar ainda de manhã que o ia apoiar na votação final. Jeff Flake, eleito pelo Arizona, justificou a sua decisão: "Deixei a audiência de ontem [quinta-feira] com tantas dúvidas quanto certezas. Aquilo de que tenho a certeza é que o nosso sistema judiciário garante a presunção de inocência às pessoas acusadas, na ausência de provas verificáveis", indicou..Após o senador Jeff Flake ter declarado que ia votar a favor de Kavanaugh, várias mulheres tentaram bloquear a sua saída do gabinete, pressionando-o para que mudasse de opinião. "Olhe para mim quando falo consigo. Está a dizer-me que ter sido agredida sexualmente não conta", disse uma das mulheres..Um atraso na votação na Comissão ainda deu esperança aos críticos de Kavanaugh, depois de Flake sair da sala e pedir ao senador democrata Chris Kroon que o acompanhasse - com vários outros democratas a sair também na sala. Houve quem acreditasse que Flake poderia mudar de opinião. No regresso, este pediu que a votação no Senado fosse adiada uma semana para o FBI poder fazer uma investigação "limitada no tempo" às acusações contra Kavanaugh. E mais tarde deixou claro que só votará a seu favor se isso acontecer..A senadora republicana Lisa Murkoeski, outro voto decisivo no Senado, disse aos jornalistas que apoia a proposta de Jeff Flake de adiar a votação uma semana para permitir uma investigação. Isso deixa McConnell mais pressionado, já que se fosse só Flake poderia arriscar numa votação que ficasse empatada 50-50, pois o vice-presidente Mike Pence tem o voto de desempate. Perder o voto de dois republicanos torna a situação impossível..A votação surgiu um dia depois de a Comissão Judicial do Senado ter ouvido o testemunho de Christine Blasey Ford, uma das três mulheres que acusam Kavanaugh de agressão sexual, quando ambos estavam no secundário. Acusações que o juiz negou veementemente..O presidente Donald Trump saiu em defesa de Kavanaugh após a audiência de Ford, dizendo que ele "mostrou à América porque é que o nomeei". Já hoje, disse aos jornalistas na Casa Branca que não pensou "nem um bocadinho" numa alternativa a Kavanaugh, caso o Senado não aprove o seu nome para o Supremo. Disse que a audiência é um momento incrível na história do país, mas indicou que não está envolvido nas negociações. "Vou deixar o Senado tratar disso. Eles vão tomar as suas decisões", acrescentou Trump. "Tenho a certeza que vai correr tudo bem", afirmou confiante..O dia da votação ficou marcado por uma série de protestos, alguns dos quais dentro da própria Comissão. Os onze republicanos deram luz verde à votação ao princípio do dia, enquanto os dez democratas votaram não. Furiosos, alguns abandonaram a sala em sinal de protesto..Nos corredores do Congresso, vários manifestantes anti-Kavanaugh gritaram: "Novembro está a chegar". Uma referências às eleições intercalares de dia 6 de novembro, quando a maioria republicana no Senado e na Câmara dos Representantes está em jogo.