Jornalista espanhol ligado a tentativa de extorsão a Julian Assange

Na posse de imagens e gravações de conversas do fundador do Wikileaks, quatro espanhóis são investigados por exigirem três milhões de euros para não revelarem o material.
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Quatro espanhóis são suspeitos de tentativa de extorsão a Julian Assange, o ativista do Wikileaks que está detido na Inglaterra. José Martín Santos, ou Pepe, um jornalista que já foi condenado a três anos de prisão por fraude, e três cientistas de computação de Alicante são as pessoas que alegadamente possuem imagens, vídeos e documentos pessoais obtidos numa espionagem a Julian Assange. De acordo com o El País, a polícia investiga se uma suposta agência de comunicação espanhola, a Agencia 6, está na base desta extorsão ao australiano de 47 anos, a quem foram pedidos três milhões de euros para que as referidas imagens não sejam divulgadas.

Polícias espanhóis investigam José Martín Santos e três dos seus colaboradores depois de utilizarem o material registado durante os últimos dois anos de permanência do fundador do WikiLeaks na embaixada do Equador, segundo fontes próximas à investigação disseram ao diário espanhol.

Assange acaba de apresentar uma queixa contra os alegados autores da extorsão no Tribunal Nacional, bem como contra funcionários da Embaixada do Equador em Londres e membros da empresa de segurança equatoriana Promsecurity que podem ter participado na alegada espionagem. Acusa-os de uma longa série de crimes: Associação criminosa, extorsão em território espanhol, crime contra a privacidade, honra e contra o segredo das comunicações entre advogado e cliente. Esta empresa de segurança substituiu a espanhola Undercover Global quando em 2017 Lenin Moreno subiu à presidência do Equador e Assange perdeu o favor deste governo, segundo os seus advogados.

Segundo o El País, tudo começou com um tweet publicado há algumas semanas, no qual foi anunciada a documentação sobre a vida de Assange na Embaixada do Equador. O nome do titular da conta era falso, mas o telefone de contacto e o endereço de email serviram para Kristin Hrafnsson, editora-chefe do WikiLeaks, contactar os fornecedores e verificar a veracidade da oferta. Por email, Pepe enviou fotografias do seu computador, e informações sobre as comunicações com Assange de Baltasar Garzón, advogado do ciberativista, os pacotes que recebera, consultas com seus médicos, passaportes das visitas que recebeu, além de transcrições de áudios de conversas.

O preço era de três milhões de euros e se a oferta não fosse aceite, os vídeos e áudios começariam a aparecer publicados em vários meios de comunicação. Se quisessem pagar, teriam que ir a Espanha para fechar os termos do acordo. Hrafnsson pediu mais evidências do material que tinham e Pepe impressionou enviando-lhe um vídeo em que o fundador do WikiLeaks aparecia numa reunião na embaixada.

Em 2 de abril decorreu um encontro entre Pepe e a responsável do Wikileaks, em que o jornalista apresentou provas das imagens e vídeos que possuía. Nesse dia, a editora, acompanhada por Baltazar Garzon, apresentou queixa na secção de sequestro e extorsão da Brigada de Crimes contra as Pessoas (UDEV) da Polícia espanhola. A partir daí, a editora do WikiLeaks chamou Pepe e ficaram de realizar uma nova reunião no dia seguinte. Hrafnsson reconheceu o jornalista José Martín Santos no álbum de suspeitos que os agentes mostraram. Santos foi o diretor de notícias da televisão municipal de Altea.

Dias depois, num canal de Youtube surgiram vídeos de Julian Assange, com os autores a dizerem ser jornalistas de investigação que iam desmascarar a "grande mentira" que é o Wikileaks. A defesa de Assange acredita que a criação deste canal é uma forma do grupo dar a volta à situação, após dar conta que era vigiado pela polícia e falhar a tentativa de extorsão. O El Pais diz que tentou, sem sucesso, entrar em contacto com Martin Santos e os três cientistas da computação para obter a sua versão.

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