Índia lança missão científica à Lua
Eram 10:13 (hora de Lisboa) quando a estação espacial indiana de Sriharikota comemorou o lançamento da missão Chandrayaan-2. Houve aplausos na sala de controlo. "É o início de uma jornada histórica da Índia em direção à Lua", prometeu o responsável da agência espacial indiana, ISRO.
Se tudo correr bem, dentro de dois meses a Chandrayaan-2 colocar-se-á na órbita lunar, a cerca de 100 quilómetros da superfície do polo sul do satélite da Terra, e aí começa a parte histórica da missão. Quando o veículo robotizado Pragyan (que significa "sabedoria") alunar, a Índia será um dos quatro países do Mundo a realizar esse feito - depois dos EUA, da URSS e da China.
A missão, propriamente dita, durará um dia lunar (14 dias na Terra), e pretende recolher sedimentos da superfície da Lua para análise e investigação.
Mas o objetivo da missão é ainda mais ambicioso. Ao tornar a Índia uma potência espacial, o Governo de Narendra Modi procura também reforçar a sua capacidade diplomática na Terra. Na Índia, em primeiro lugar, pela dimensão interna do acontecimento, e também na relação com as outras potências (desde logo a China).
Nos planos da agência espacial indiana está, também, o envio de uma missão tripulada à Lua, em 2022.
O lançamento da Chandrayaan-2 coincide com as comemorações dos 50 anos da missão Apollo.
No dia 15, a data inicialmente prevista para a missão, a agência espacial indiana teve de cancelar o lançamento, escassos 56 minutos antes da hora marcada para a descolagem, devido a um "problema técnico".
Em 2014, a Índia tornou-se a primeira nação asiática a alcançar Marte, quando colocou a sonda Mangalyaan na órbita do planeta vermelho. A missão de Marte custou 74 milhões de dólares - menos do que os 100 milhões de dólares que Hollywood gastou a fazer o thriller espacial Gravidade, ironiza a CNN.
No início deste ano, o primeiro-ministro Modi anunciou que a Índia tinha abatido um dos seus próprios satélites (em 2017 foram lançados 104 satélites numa operação sem precedentes), tornando-se assim num dos quatro países que conseguiram realizar missões antisatélie com êxito.
Modi afirmou que a operação Shakti - que significa "poder"- se destina a defender os interesses do país no espaço. O Ministério dos Negócios Estrangeiros acrescentou que a Índia não tem "nenhuma intenção de entrar numa corrida ao armamento no espaço."