Franky Zapata, o autodidata com um sonho que criou a sua máquina voadora

"Sonho louco de voar" impulsionou o inventor francês de 40 anos a trocar o jet-ski pela máquina voadora em que atravessou o Canal da Mancha.
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O "sonho louco de voar" fervilhava em Franky Zapata desde a infância. O francês conseguiu tornar esse sonho realidade graças ao seu "Flyboard", uma máquina voadora que o ex-campeão de jet ski, de 40 anos, inventou e permitiu que este domingo fizesse a travessia aérea do Canal da Mancha.

"Nunca sou tão bom como quando estou de costas encostadas à parede", disse o autodidata, antes de cruzar o canal com a máquina alimentada por turbojatos, onde segue sempre em pé. Uma alusão ao seu primeiro fracasso, em 25 de julho, 110 anos após a façanha de Louis Blériot, primeiro aviador a cruzar o estreito que liga a França à Inglaterra.

Esta nova aposta, um pouco louca, de cruzar o Canal ganhou notoriedade durante a parada militar em 14 de julho em Paris, quando Franky Zapata deixou o público sem fala ao voar sobre os Campos Elíseos, a bordo de sua máquina em frente à plataforma presidencial de Emmanuel Macron.

Mas o clã Zapata - a mulher Krystel, omnipresente ao seu lado, o filho de 10 anos, Mat, e toda a sua equipa - acreditavam muito na possibilidade de sucesso de alguém que diz que no seu antigo desporto, o jet-ski, " a única maneira de viver adequadamente era ser o número um ".

Deixou a escola aos 16 anos

Bastante pequeno (1.68 metros) mas atlético, com claro sotaque de Marselha, Franky Zapata tem um largo sorriso. Este "disléxico e daltónico", que deixou a escola "aos 16 anos", não tinha, à partida, todas as cartas na mão para se tornar um ás do mar e em seguida do ar. Mas foi o que alcançou. Filho de um construtor, apaixonado por mecânica, julgava que os jet skis não eram suficientemente potentes e resolveu fabricá-los ele mesmo. "Conseguiu soldar dois motores num V8 e aprendeu tudo no Google", diz o amigo Vincent Lagaf.

"Piloto, empresário, inventor, não sei o que sou. Um pouco de tudo e de nada ao mesmo tempo", tentou explicar Franky Zapata.

Várias vezes campeão da Europa e do mundo na categoria "Runabout", Zapata comprometeu-se em 2011 a trocar a água pelo ar. Nas várias etapas que o levaram a aperfeiçoar o "Flyboard" nas oficinas da sua empresa em Rove (Bouches-du-Rhône), teve duas falanges cortadas durante uma experiência. Nada que o fizesse parar.

Franky, que admite "uma parte da loucura", persegue seu objetivo e consegue, em 2016, tornar o Flybooard numa verdadeira máquina voadora e autónoma. "De qualquer forma, nada o para. Ele é assim, nunca vai parar!", disse a sua mulher Krystel à imprensa após a bem sucedida travessia do canal.

A única vez em que o campeão vestido de preto pareceu tremer, neste domingo, e até começou a chorar, foi quando o filho falou com ele ao telefone, logo depois de chegar à baía de St. Margaret, em Inglaterra: "Você é o melhor, papá!"

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