Espião russo em estado grave após contacto com "substância desconhecida"

Antigo coronel dos serviços secretos militares russos foi condenado no país por espiar para o Reino Unido. Filha também está nos cuidados intensivos
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Sergei Skripal, um antigo agente dos serviços secretos militares da Rússia, que foi condenado a 13 anos de prisão em 2006 por espiar e divulgar segredos russos ao Reino Unido, ficou em estado grave na passada segunda-feira depois de ser exposto a uma substância que ainda não foi identificada.

O antigo coronel foi condenado na Rússia por trair agentes e trabalhar os serviços secretos britânicos. Posteriormente, foi "trocado" pela Rússia numa troca de espiões feita pelo país do leste europeu e os EUA, em Viena, em 2010, explica a Reuters.

As autoridades britânicas informaram que duas pessoas foram encontradas inconscientes num banco, no passado domingo, na cidade britânica de Salisbury. Foram então tratadas por "suspeita de exposição a uma substância desconhecida", permanecendo em estado crítico. Não se sabe ainda qual é a substância em questão.

As duas pessoas eram um homem na casa dos 60 anos, agora identificado como o russo Sergei Skripal, e uma mulher com cerca de 30 anos, sem lesões visíveis, acrescenta a polícia.

Entretanto, foi noticiado que uma segunda vítima, que será a filha de Sergei Skripal, de 33 anos, também foi encontrada inconsciente, com sintomas de exposição a uma substância desconhecida.

"Ainda é muito cedo na investigação para determinar se aconteceu um crime", explicaram as autoridades em comunicado. Um hospital em Salisbury referiu que estava a "lidar com um grande incidente envolvendo poucas vítimas". Acrescentou que os funcionários e os pacientes se podiam dirigir às instalações como é usual.

As relações entre Rússia e Reino Unido não são as melhores desde a morte do ex-agente do KGB Alexander Litvinenko, em Londres, em 2006. A morte que um inquérito britânico concluiu que foi provavelmente aprovada por Vladimir Putin.

O Kremlin considerou hoje "trágico" o "incidente" com o ex-espião russo, mas garantiu que nada sabe sobre o caso.

"Percebemos que sucedeu algo trágico, mas não temos informações sobre qual poderá ser a causa, sobre o que fazia ou com o que o incidente poderá estar relacionado", disse aos jornalistas o porta-voz do Governo russo, Dmitri Peskov, que manifestou a disponibilidade de Moscovo para colaborar nas investigações.

"Lamentavelmente, não podemos dizer mais nada sobre o caso, porque não temos informações nenhumas. Sabem muito bem como [Skripal] chegou ao Ocidente. Não vou repetir quais as causas" da ida para a Europa Ocidental, sublinhou Peskov, aludindo ao facto de o ex-agente russo também ter espiado para o Reino Unido, tendo, por isso, sido condenado por traição na Rússia.

(Atualizada às 11 de dia 6 com informação sobre a segunda vítima e a reação do Kremlin)

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