Coletes amarelos: ONU pede investigação sobre violência policial em França
Na apresentação do relatório anual no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, a Alta Comissária incitou o executivo de Emmanuel Macron a "continuar o diálogo, incluindo um amplo debate nacional que neste momento não existe" sobre os "coletes amarelos".
Bachelet referiu-se aos protestos semanais do movimento de contestação considerando que os "coletes amarelos" demonstram que uma parte da sociedade francesa se sente "excluída de direitos económicos e da participação em questões públicas".
Milhares de franceses participam em manifestações desde o final de 2018 sendo que os primeiros protestos foram contra a subida do preço dos combustíveis, que não chegou a ser aprovado em virtude da contestação.
Nas últimas duas semanas, membros do movimento concentraram-se frente à sede europeia das Nações Unidas, em Genebra, para denunciar os atos de brutalidade da polícia durante as manifestações em França.
Durante as manifestações morreram mais de vinte pessoas, 1 800 ficaram feridas e, de acordo com dados do Ministério do Interior de França, mais de oito mil manifestantes foram detidos.
Segundo o Ministério do Interior, 39 mil e 300 pessoas participaram nas manifestações deste sábado, que decorreram pela 16 º semana de mobilização dos "coletes amarelos", face aos 46 mil da semana passada.
Em Paris, cerca de 4 mil manifestantes saíram à rua, tendo sido detidas 17 pessoas.
Em outras cidades como Lyon, Bordéus ou Nantes também desfilaram milhares de pessoas contra o presidente da França, Emmanuel Macron.
Em Bordéus e Nantes registaram-se os piores incidentes do dia, com a polícia a fazer 15 detenções em cada uma das cidades.
De acordo com os dados avançados na página "Número Amarelo" na rede social Facebook, gerida por um grupo de "coletes amarelos", a participação cifrou-se em 92 mil manifestantes, face aos 113 mil do sábado passado.
O movimento vive um momento crucial, com grandes manifestações previstas para 16 de março, depois de ter perdido força nas últimas semanas e de as sondagens começarem a revelar algum desgaste no apoio popular.
A 17 de novembro de 2018, o movimento dos "coletes amarelos" iniciou uma série de manifestações contra a política fiscal e social de Macron, com 282 mil manifestantes.