Apanha-me, se puderes. Falso cirurgião detido na Roménia
Parecia um médico charmoso diretamente saído de uma série de TV. Numa página do Facebook (entretanto apagada), apresentava-se como Matthew Mode, cirurgião plástico, de bata azul e seringa de botox na mão - e operando numa zona rica de Bucareste.
Esta semana as autoridades romenas disseram que "Matthew" não estava autorizado a fazer cirurgias naquele país. Há dúvidas sobre se será realmente um médico ou uma fraude. Sabe-se que operou pelo menos uma mulher. As autoridades começaram a olhar para este homem com atenção depois de terem surgido notícias de que não tinha credenciais para ser cirurgião. Um ano depois de ter começado a atuar em Bucareste, abriram-lhe uma investigação criminal.
Na quarta-feira, guardas de fronteira romenos apanharam-no num comboio, a caminho de Budapeste (Hungria). Foi devolvido à capital romena, onde está detido.
O facto é que, em março do ano passado, "Matthew Mode" recebera das autoridades sanitárias romenas uma autorização oficial para desempenhar atos médicos. Foi passada em nome de "Matteo Politi" - o nome com que já tinha atuado antes em Itália. Agora há grande polémica no país sobre como isto foi possível. Essa decisão está também a ser investigada.
Entretanto percebeu-se a razão pela qual o suposto médico, mesmo credenciado como "Matteo Politi", passou a atuar com o nome de "Matthew Mode": é que, em 2011, em Itália haviam descoberto que praticara medicina ilegalmente, sendo condenado a uma pena suspensa de prisão.
A sua advogada neste caso, Silvia Sanna, disse que "Matteo" nunca fez em Itália o exame que lhe daria a licenciatura em Medicina. Ou seja: não tem nenhuma licenciatura obtida naquele país nem sabe de outra universidade de outro país onde isso possa ter acontecido.
Segundo um jornal tabloide romeno, "Matteo" (ou "Matthew") reclama ter formação médica obtida nas universidades de John Hopkins (Baltimore, EUA) e de Pristina (Kosovo). Em John Hopkins desmente-se que alguém com aqueles dois nomes se tenha ali licenciado. Já a universidade de Pristina não respondeu.
O "médico" apagou a sua página no Facebook assim que a história rebentou na Roménia. Entrevistado por telefone para um programa de televisão, assegurou: "Não estou a fugir, prefiro apenas não ficar no sítio onde estou." Ao mesmo tempo garantia que as suas credenciais académicas estão "reconhecidas e validadas" - mas sem especificar exatamente quais são.
Num vídeo que havia publicado na sua entretanto desaparecida página no Facebook, aparecia com uma mulher aparentemente muito agradecida por uma cirurgia aos lábios.
O Monza Hospital, uma clínica privada em Bucareste, confirmou que um homem com o nome de Matteo Politi operou ali uma mulher em dezembro passado. As consultas que antecederam a cirurgia tinham porém acontecido noutro sítio. O grupo económico a que pertence o Monza Hospital declarou-se uma parte prejudicada neste processo, interpondo uma ação contra "Matteo Politi".