Antigo sarcófago de Chernobyl em risco de ruir
Cerca de dois meses após o desastre de Chernobyl, em 1986, um grupo de 600 mil trabalhadores soviéticos uniram forças para construir um sarcófago, uma cobertura sobre o reator nuclear acidentado, situado na atual Ucrânia. A obra tinha como objetivo conter os materiais radioativos que explodiram no ar, como cório, urânio e plutónio, e acabou por expor os trabalhadores a altos níveis de radiação, provocando a morte de 31 deles. De acordo com o Business Insider, esta mesma cobertura está agora em risco de colapsar.
Devido à pressa com que o processo foi conduzido, para que os trabalhadores envolvidos saíssem com o mínimo de mazelas possível, o sarcófago ficou com falhas que obrigaram, mais tarde, à construção de uma nova cúpula por cima da antiga. Apresentada ainda este ano, ficou conhecida como o Novo Confinamento Seguro, considerada a maior estrutura móvel terrestre, com 257 metros de comprimento, 108 metros de altura e um peso acima das 36 mil toneladas. A obra total teve um custo de 2,2 mil milhões de euros, com o financiamento do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (715 milhões de euros) e de um fundo para o qual contribuíram 45 países da União Europeia.
Mas para que a primeira cobertura não desmorone, será necessário proceder ao desmantelamento de ambas as estruturas. A 29 de julho, foi assinado um contrato no valor de cerca de 70 milhões de euros para fazer o restauro até 2023. A entidade responsável pelo projeto de construção, a SSE Chernobyl NPP, justificou a obra com o risco "muito alto" de colapso.
A empresa acrescenta que o processo de remoção de todos os elementos "aumentará o risco de colapso de abrigos que, por sua vez, causará a liberação de grandes quantidades de materiais radioativos", mas a radiação provavelmente não será libertada para a atmosfera.
O acidente na central nuclear de Chernobyl foi considerado um dos piores desastres nucleares da história. Apesar de a zona em redor da estrutura ter sido a mais afetada, os incêndios consequentes da explosão no reator nuclear lançaram a contaminação para toda a Europa. Os especialistas estimam que a radiação terá gerado mais de 40 mil casos de cancro.
Chernobyl tornou-se o reflexo de uma cidade fantasma, mas mais recentemente foi inundada por visitas turísticas à cidade abandonada de Pripyat e até mesmo à central nuclear. Algo que o pediatra alemão Alex Rosen apelidou de "turismo de risco". Há cerca de três anos, em entrevista ao DN, o especialista alertava para as consequências desta nova moda, que se intensificou com a série da HBO "Chernobyl". "É uma ideia estúpida", comentava sobre este tipo de turismo.