Angolanos esperam nova fase nas relações China-Angola
Cinco semanas depois do Fórum China-África, o chefe de estado de Angola volta a Pequim para uma visita oficial de dois dias, que decorre esta terça e quarta-feira.
"Seria bom que Angola conseguisse assegurar algumas coisas que não conseguiu nos primeiros acordos com a China, nomeadamente, a participação dos quadros angolanos em todos os grandes projetos de infraestruturas", começa por salientar Alexandre Correia da Silva, presidente da Associação Angola Macau (AAM). Lourenço deverá procurar atrair um tipo novo de investimento chinês que não passe apenas pela obtenção de financiamentos para também por investimento estável e durável em Angola. "Essa é uma das questões chave", sublinha Correia da Silva, advogado angolano radicado em Macau há mais de três décadas e fundador da AAM, criada em 2005.
Um outro jurista, Carlos Lobo, preside à recém-criada Câmara de Comércio de Angola em Macau. "Julgo que esta visita vai sinalizar um relançamento da relação com Pequim", antevê Carlos Lobo para quem a China terá a possibilidade de ajudar Angola no processo de recuperação económica, "num momento em que o país tanto precisa". Lourenço deverá levar na mala a nova lei do investimento privado, que dispensa parceiros locais com grande percentagens nos projetos e a "campanha anti-corrupção" como argumentos para persuadir a liderança chinesa a direcionar mais e melhor investimento para Angola. Lobo prevê que o desenvolvimento de infraestruturas continuará a ocupar um lugar central, "agora com o enquadramento da Iniciativa Faixa e Rota".
O presidente angolano disse em setembro que queria atrair empresas chinesas para parcerias com empresários angolanos, na partilha de tecnologia e de conhecimento científico e na formação de quadros. Entretanto têm decorrido negociações sobre um novo pacote de empréstimo da China estimado em cerca de 10 mil milhões de euros.
José Carlos Matias é jornalista da Plataforma