Há hospitais à beira do colapso nos EUA. Florida e Texas com recorde de casos

O autarca de Miami culpa a reabertura dos bares e restaurantes pelo aumento dos novos casos da doença. Trinta estados relataram um aumento de infeções nas últimas duas semanas.
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40 mil novos casos de covid-19 por dia, com um pico de 57.000 na última sexta-feira. Os números de infeção pelo novo coronavírus nos EUA estão a disparar e as autoridades de saúde norte-americanas alertaram este domingo que muitos hospitais do país podem entrar em colapso.

Os autarcas de cidades com mais casos nos últimos dias - nos estados da Florida e Arizona - criticam a reabertura da economia, agora vista como precoce.

O autarca de Miami culpa a reabertura dos bares e restaurantes pelo aumento dos novos casos de infeção na cidade. "Não há dúvida de que, quando reabrimos, as pessoas começaram a socializar como se o vírus não existisse ", disse o autarca de Miami, Francis Suarez, numa entrevista à rede de televisão ABC News.

Suarez comparou a necessidade de usar máscaras faciais com o cinto de segurança nos carros. "Se sofrermos um acidente de carro, existe uma possibilidade de nos salvarmos se usarmos o cinto de segurança", exemplificou. "O mesmo acontece com a máscara. Se as pessoas usam uma máscara em público, existe uma forte possibilidade de desacelerar ou parar o aumento de casos", reforçou o autarca da cidade.

No caso de Miami, o uso da máscara é obrigatório e a infração pode levar de um simples aviso a multas até 500 dólares. Uma posição muito diferente da do governador da Florida, Ron DeSantis, um seguidor fiel de Donald Trump, que insiste na necessidade de manter a economia ativa e se recusa a tornar obrigatório o uso de máscara.

A Florida e o Texas registaram o maior aumento diário de novos casos confirmados nos últimos dias, com a Florida a reportar 11.443 novos casos no sábado e outros 9.999 no domingo. O Texas registou um recorde de 8.258 casos novos no sábado, seguido por 3.449 no domingo. A Califórnia registou 5.410 novos casos no domingo e o Arizona 3.536.

"Uma em cada quatro pessoas testa positivo" em Houston

Desde o dia 1 de março, 3.731 pessoas já morreram na Florida devido à infeção e 200.111 ficaram infetadas, segundo dados divulgados pelo Departamento de Saúde daquele estado.

"Há um mês, uma em cada dez pessoas testava positivo. Hoje, é uma em cada quatro", disse o autarca de Houston, Sylvester Turner, à CBS.

"O número de pessoas que estão a ficar doentes e a ir para os hospitais aumentou exponencialmente. O número de pessoas em Unidades de Cuidados Intensivos também aumentou", disse ainda Turner.

Kate Gallego, autarca de Phoenix (Arizona) também manifestou preocupação com o boom de novos casos.

No domingo, em entrevista ao ABC News, citada pela agência de notícias EFE,, Gallego disse que o estado reabriu cedo demais e explicou que durante o último mês houve pessoas entre os 20 e os 44 anos que não seguiram as recomendações de distanciamento social e de uso da máscara.

"Muitas pessoas participam em grandes reuniões familiares e infetam os parentes", disse Gallego, que destacou as dificuldades que o estado está a enfrentar.

A autarca também criticou a tardia atuação do governador do Arizona, o republicano Doug Ducey. "No início não nos deixaram fazê-lo, mas felizmente o governador permitiu que as cidades ordenassem o uso de máscaras, o que acho que irá ajudar", afirmou Gallego.

Hospitais em "alta capacidade" em 33 cidades

As autoridades de saúde do Arizona confirmaram pelo menos 98.089 casos de covid-19 e 1.809 mortes por covid-19 desde o início da pandemia.

"Os nossos hospitais aqui no Condado de Harris, em Houston e noutras 33 cidades estão em alta capacidade. As camas estão ocupadas", disse Lina Hidalgo, diretora executiva do Condado de Harris, que inclui Houston, Texas.

"Se não mudarmos a trajetória, dentro de duas semanas superaremos a capacidade dos nossos hospitais", disse Steve Adler, autarca de Austin, Texas, à CNN.

Trinta estados nos EUA relataram um aumento de infeções nas duas semanas anteriores ao início de julho.

Os EUA são o país mais afetado no mundo pela pandemia, com mais de 2,8 milhões de infetados e mais de 129.700 mortes, de acordo com a contagem independente da Universidade Johns Hopkins.

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