Homem morre em Israel reinfetado por duas estirpes diferentes do vírus

Três meses depois de ser infetado pelo novo coronavírus pela primeira vez, um homem em Israel voltou a contrair a doença acabando por morrer. É a primeira vez que Israel reporta um óbito de um reinfetado. Situação "preocupante", admite especialista.
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É a primeira vez que Israel confirma a morte de uma pessoa que foi reinfetada pelo SARS-CoV-2. Três meses depois de ter sido infetado pelo novo coronavírus, um homem, residente num lar de idosos, voltou a ser contagiado, mas desta vez por uma nova variante do vírus responsável pela covid-19, acabando por morrer. Uma notícia que surge numa altura em que a preocupação cresce na Europa, depois de ter sido detetada uma nova estirpe do vírus no Reino Unido e na África do Sul.

O caso, o primeiro registado no país, foi confirmado pelo Centro Médico Sheba, localizado perto de Tel Aviv, noticia a agência Europa Press.

Trata-se de um homem de 74 anos, residente de um lar de idosos, que em agosto contraiu o vírus. Esteve a ser tratado no Rabin Medical Center, em Petah Tivka, tendo conseguido recuperar da doença.

Três testes de despiste à covid-19 revelaram que já não estava infetado, mas em novembro voltou a manifestar sintomas da doença, foi novamente internado com problemas respiratórios, acabando por morrer no mesmo dia em que foi hospitalizado.

Este caso de reinfeção, com uma segunda estirpe do vírus e que resultou num óbito, gera preocupação, admite a responsável pela unidade de Doenças Infecciosas do Centro Médico de Sheba.

"É muito preocupante se uma pessoa pode ficar várias vezes doente com covid-19 quando o vírus muda", afirmou Galia Rahav, citada peloTimes of Israel,.

Esta especialista questiona a eficácia das vacinas face à mutação do novo coronavírus. "Qual o papel da vacina nesta situação?".

"Este é um daqueles casos em que é claro que se trata de uma reinfeção e que não há dúvidas de que o falecido recuperou totalmente na primeira vez", afirmou Rahav. E não tem dúvidas ao afirmar: "São duas estirpes do vírus completamente diferentes".

Não é a primeira vez que surge a notícia de um caso de uma pessoa que recuperou da covid-19, mas que foi infetada pela segunda vez, acabando por não resistir. Em outubro, soube-se que a Holanda registou a primeira morte no mundo de uma pessoa contagiada pela segunda vez pelo novo coronavírus , uma mulher holandesa de 89 anos, que também sofria de uma forma rara de cancro de medula óssea.

Segundo as explicações dadas pela virologista holandesa Marion Koopmans, a paciente precisou de ser internada na primeira vaga da pandemia do novo coronavírus, após desenvolver sintomas como febre alta e tosse forte, mas teve alta após cinco dias e testou negativo em dois exames após o desaparecimento dos sintomas.

A paciente holandesa também sofria de uma doença conhecida como macroglobulinemia de Waldenström, uma forma rara de cancro da medula óssea, pelo que o seu sistema imunológico estava afetado há meses.

Dois meses após superar a covid-19, a mulher iniciou novas sessões de quimioterapia, mas começou a ter febre, tosse e falta de ar severa apenas dois dias depois do início do tratamento, por isso foi readmitida no hospital.

A paciente foi submetida ao teste para o novo coronavírus, o qual deu positivo, mas deu negativo em dois testes serológicos que foram feitos para detetar se ainda tinha anticorpos contra o vírus no sangue, após a primeira vez que foi infetada.

Oito dias após ser internada, a saúde da paciente piorou drasticamente e morreu em duas semanas."Seguramente, morreu de covid-19, mas também estava muito doente", disse Koopmans, que participa numa investigação sobre reinfeções realizada pela Universidade de Oxford.

A 18 de novembro, o jornal Público noticiou que tinha sido registado em Portugal o primeiro caso de reinfeção: uma mulher de 48 anos.

Na altura, outros cinco países reportaram situações de reinfeções, nomeadamente o primeiro caso no mundo, identificado a 24 de agosto, num paciente de Hong-Kong - cuja reinfeção foi identificada num teste aleatório de rastreio realizado no aeroporto e quando se preparava para viajar.

Também em novembro, o médico Germano de Sousa explicou ao DN que "este é o primeiro caso no nosso país, não tenho memória de mais alguém ter registado uma situação destas", salvaguardando que "tal também foi possível por ter sido no nosso laboratório que a senhora fez o primeiro teste, em julho, e o segundo, em outubro. Temos um sistema informatizado que nos permite detetar estas situações".

O patologista, ex-bastonário da Ordem dos Médicos, referiu ainda que a doente é da área da Grande Lisboa e que terá tido contacto pela primeira vez com o vírus logo na primeira fase da pandemia. Na altura, "dirigiu-se a um serviço de urgência com alguns sintomas e não ficou internada, por se tratar de sintomas ligeiros. A doente estava com febre, tosse e fadiga. Mais tarde fez o teste num dos nossos laboratórios e o resultado foi positivo. Em outubro, voltou a ter sintomas, como ausência de olfato e paladar, voltou a fazer o teste e deu positivo de novo, mantendo-se, salvo erro, positiva cerca de 12 dias".

Ao DN, o professor catedrático em imunologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Manuel Santos Rosa, diz mesmo, e apesar de até agora as situações de reinfeção não serem frequentes a nível mundial, que poderão existir outros casos não detetados. "Pode haver mais casos de reinfeção que não foram detetados e só os testes serológicos é que nos vão dar essa informação, porque só quando fazemos um teste serológico e detetamos anticorpos contra o vírus é que temos a certeza de que as pessoas já contactaram com o vírus. E muitas destas pessoas certamente que não tiveram sintomatologia, mas ficamos a saber que contactaram com o vírus", explica.

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