Havai proíbe protetores solares por causa dos corais

A partir de 1 de janeiro de 2021 não poderão ser usados protetores que contenham oxibenzona e octinoxato. Governador assina lei esta semana
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O Havai já marcou a data no calendário: a partir de 1 de janeiro de 2021 não poderão ser usados protetores solares que contenham oxibenzona e octinoxato, substâncias químicas que um estudo científico de 2015 já indicava como pondo em causa os recifes de corais.

Com uma lei aprovada em maio, este estado americano será o primeiro território do mundo a banir protetores solares - não poderão ser vendidos nem usados, exceto com indicação médica. O governador democrata das ilhas, David Ige, prepara-se para assinar esta semana a legislação, que conta com a oposição das empresas do setor. A proibição tornará difícil para as pessoas se protegerem dos efeitos nocivos do sol, apontou a associação que representa estas empresas, referidas pelo site Vox.

Segundo o texto votado pelos representantes, a oxibenzona e octinoxato "têm impactos prejudiciais significativos no ambiente marinho e nos ecossistemas residentes do Havai, incluindo recifes de corais que protegem o litoral" do arquipélago do Pacífico. Os químicos em causa matam os corais em desenvolvimento e aumentam o branqueamento desses mesmos corais, danificando ainda o ADN dos pólipos.

Num estudo publicado em outubro de 2015, pela revista Archives of Environmental Contamination and Toxicology, demonstrava-se que a exposição das "crias" de coral à oxibenzona, presente em mais de 3 500 protetores solares em todo o mundo, provoca-lhes grandes deformações morfológicas, danificando o seu ADN (material genético) e atuando como perturbador endocrónico, fazendo com que o coral morra.

A oxibenzona, também conhecida pela designação de BP-3 e benzofenona-3, chega aos recifes através dos mergulhadores que colocam protetor solar sobre a pele, assim como através de descargas de esgotos.

Os legisladores havaianos recordam que os recifes deste estado americano estão sob ameaça, com investigadores a documentarem elevados níveis de branqueamento dos corais. Em 2017, explica a Vox, cientistas da National Oceanic and Atmospheric Administration descobriram que 56% dos corais da Big Island estavam já branqueados, assim como 44% dos corais de West Maui e 32% dos recifes de Oahu.

O arquipélago tem nos recifes coloridos uma forte atração turística. Mas estes recifes são também são vitais para a saúde dos ecossistemas marinhos. Um quarto das espécies oceânicas depende dos recifes para alimentação e abrigo, de acordo com o instituto Smithsonian, citado pela Vox.

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