Furacão Iota deixa rastro de destruição na Nicarágua 15 dias após o Eta

Nicarágua diz que este é o mais poderoso furacão a atingir o país desde que há registo. É também o mais forte do ano no Atlântico, numa temporada recorde que já vai em 30 tempestades, sendo apenas o segundo a chegar à categoria 5 no mês de novembro -- o último foi em 1932.
Publicado a
Atualizado a

O furacão Iota avança esta terça-feira com chuvas intensas e ventos fortes pelo interior da América Central, uma região devastada há duas semanas pelo Eta, depois de perder força ao chegar a terra na segunda-feira, no norte da Nicarágua.

Mais forte que o antecessor, o Iota chegou a terra cerca de 25 quilómetros mais a sul do que o Eta, como um furacão de categoria 4 (o máxima é de 5 na escala Saffir-Simpson), com ventos máximos de 250 km/h, segundo o Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC, na sigla em inglês). Mas chegou a ser de categoria 5, tendo vindo a perder rapidamente a força.

Twittertwitter1328503775217262593

"O furacão Iota perde força rapidamente sobre o noroeste da Nicarágua", afirmou o NHC num dos seus boletins, sendo que o último faz uma advertência para o risco de inundações súbitas, deslizamentos de terras, marés vivas perigosas e vento forte na América Central.

"Os ventos máximos caíram para quase 120 km/h, com rajadas mais fortes. O Iota deve enfraquecer até ao nível de tempestade tropical esta tarde, uma depressão tropical esta noite e degenerar para uma área de baixa pressão na quarta-feira", indica o NHC.

Twittertwitter1328712178384347137

O diretor do Instituto de Meteorologia de Estudos Territoriais da Nicarágua, Marcio Baca, afirmou que o Iota é o furacão mais poderoso a atingir o país desde que há registo. O Iota é também o mais forte furacão do ano e apenas o segundo a chegar à categoria 5 no mês de novembro -- o último foi em 1932.

O Iota segue quase a mesma trajetória do furacão Eta, outro de categoria 4 que deixou mais de 200 mortos e desaparecidos na América Central. Contudo, ao contrário deste, não deverá voltar ao Atlântico e ganhar mais força. O Eta, depois de atingir a América Central, virou para Leste e ainda atingiu Cuba e a Florida.

Segundo estimativas oficiais, 2,5 milhões de pessoas foram afetadas na passagem do Eta. Milhares de pessoas foram retirados das suas casas e levados para abrigos em vários países, enquanto os líderes políticos chegaram a um acordo de frente comum para solicitar recursos internacionais enquanto os danos das tempestades se acumulam.

Bilwi, a cidade mais populosa da região do Norte das Caraíbas na Nicarágua, começou a sentir o vento forte do Iota e as chuvas intensas na segunda-feira.

Centenas de indígenas miskitos e afrodescendentes que vivem no bairro El Muelle, na costa de Bilwi, esperavam assustados a ajuda das autoridades para serem retirados.

"Não saímos com o furacão Eta, mas este é mais perigoso", disse à AFP Marisol Ingram, morador de El Muelle, cuja casa de madeira ficou danificada na passagem do Eta e corre o risco de ser arrasada pelo novo ciclone.

Os abrigos na Nicarágua, que já tinham servido para as evacuações durante a passagem do Eta, estavam saturados depois de terem recebido no domingo novas levas de refugiados ameaçados pelo Iota, disse à AFP Eufemia Hernández, coordenadora de um destes centros na universidade Uraccan.

Ainda antes de chegar a terra na Nicarágua, o Iota causou inundações na Colômbia, nomeadamente em Cartagena de Índias.

Iota é a 30.ª tempestade tropical com direito a nome nesta temporada (um recorde) e o 13.º a atingir a força de um furacão. A lista de nomes previstos foi esgotada e os especialistas tiveram que recorrer ao alfabeto grego.

Desde 1953 que as tempestades do Atlântico são batizadas, seguindo uma lista por ordem alfabética que começou por ser feita pelo NHC, mas que agora é mantida pela Organização Meteorológica Mundial.

Twittertwitter1328351110499762178

A lista anual tem 21 nomes (não há com Q, U, X, Y e Z), alterando entre nomes masculinos e nomes femininos. No total, há seis listas, que vão rodando a cada seis anos, sendo que os nomes de tempestades que causaram danos catastróficos ou um elevando número de vítimas são retirados, não se repetindo mais.

No caso de mais tempestades ou furacões do que o número de letras, então recorre-se ao alfabeto grego. Isso já começou a acontecer em setembro, sendo que a temporada só acaba no final deste mês. Já vamos em 30 tempestades, sendo que o anterior recorde era de 28, registado em 2005 (quando o Katrina destruiu Nova Orleães).

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt