Falha de descolagem do avião no México terá sido causada por condições atmosféricas

Aparelho da Embraer operado pela Aeromexico teve de enfrentar ventos fortes, chuva e granizo na altura do acidente. As 103 pessoas que seguiam a bordo sobreviveram. A falha na descolagem pode ter tido origem num fenómeno atmosférico denominado <em>wind shear</em>
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Apesar da violência visível nas imagens do avião destruído no México, não houve vítimas a registar na falha de descolagem da aeronave da Embraer, operada pela AeroMexico, que ocorreu na terça-feira, em Durango. A bordo seguiam 103 pessoas e todos sobreviveram, segundo garantiu José Aispuro, governador do estado.

O mau tempo que se fazia sentir na altura pode ter estado na origem do acidente. Ao DN, Miguel Silveira, presidente da Associação Portuguesa dos Pilotos de Linha Aérea (APPLA), fala na possibilidade de ter ocorrido um fenómeno atmosférico denominado wind shear.

Ventos fortes, chuva e granizo faziam-se sentir na altura do acidente e de acordo com o relato de um dos sobreviventes, os passageiros saíram pelo próprio pé do avião. "Deve ter avançado uns dois ou três quilómetros, mas em terra. Eu e as pessoas que estávamos na primeira classe conseguimos sair rápido. Depois começaram a sair mais pessoas. Demorou três a quatro minutos até haver uma explosão", disse, citado pelo jornal mexicano El Universal.

Tendo em conta o mau tempo e o relato dos sobreviventes, as condições atmosféricas podem ter sido a causa da falha de descolagem. "Qualquer coisa que se possa dizer é especulativo. Ainda assim, atendendo às condições climatéricas adversas na altura não seria de excluir a presença de um fenómeno atmosférico chamado wind shear, que pode fazer com que o avião não consiga voar", considera Miguel Oliveira.

Wind shear é um fenómeno em que o vento varia repentinamente, quer na direção quer na intensidade e o avião fica sem sustentação aerodinâmica para poder voar.

Caso se confirme ter sido esta esta a causa do acidente, o comandante não tem outra opção senão "abortar a descolagem" e "parar o avião na pista ou naquilo que lhe é oferecido". Neste caso, no campo: as imagens mostram a aeronave, que tinha como destino a Cidade do México, num descampado, perto do aerorpoto Guadalupe Victoria.

"Abortar a descolagem é uma manobra muito violenta. A temperatura dos travões sobe exponencialmente e culmina com o rebentamento do pneu da aeronave e pode ter sido esse o estrondo que os passageiros ouviram", explica o presidente da APPLA, que faz questão de salvaguardar: "Temos que aguardar pela investigação".

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