Estados Unidos enviam mais importante representante a Taiwan desde 1979
Em comunicado de quarta-feira, o Instituto Americano em Taiwan, que opera como embaixada de facto de Washington na ilha, disse que a "visita histórica de Azar reforçará a parceria com Taiwan e aumentará a cooperação para combater a pandemia global de covid-19", segundo a agência Associated Press (AP).
Azar deverá ser o primeiro membro do Governo dos Estados Unidos (EUA) a visitar Taiwan em seis anos.
Em 2014, a visita da então responsável da Agência de Proteção do Meio Ambiente norte-americana, Gina McCarthy, provocou o protesto da China, que acusou os EUA de trair o compromisso de manter apenas relações não oficiais com Taipé.
"Taipé tem sido um modelo de transparência e cooperação na saúde global durante a pandemia da covid-19", disse Azar, citado no comunicado do Instituto Americano em Taiwan.
"Esta viagem representa uma oportunidade para reforçar a nossa cooperação económica e de saúde pública com Taiwan, especialmente quando os Estados Unidos e outros países trabalham para reforçar e diversificar as fontes de produtos médicos cruciais".
O anúncio da visita surge numa altura de escalada de tensões entre os Estados Unidos e a China, que defende que Taiwan faz parte do seu território.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.
Taiwan, formalmente chamada República da China, tornou-se, entretanto, numa democracia com uma forte sociedade civil, mas Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação pela força.
Como consequência da pressão chinesa, que critica qualquer relação oficial entre países estrangeiros e Taipé, menos de duas dezenas de países mantêm relações diplomáticas com Taiwan.
Os Estados Unidos são o maior apoiante militar da ilha contra as ameaças chinesas, defendendo a participação de Taiwan em reuniões de organizações internacionais.
Por insistência da China, Taiwan foi barrada da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial de Saúde (OMS) e perdeu o estatuto de observadora na Assembleia Mundial da Saúde, que se realiza anualmente.
EM reação, a China acusou hoje os Estados Unidos de "porem em risco a paz" com o anúncio da visita de uma delegação de alto nível a Taiwan, território que Pequim reclama como sendo uma província sua.
"A China opõe-se firmemente às trocas oficiais entre os Estados Unidos e Taiwan", disse Wang Wenbin, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China.
Pequim fez um protesto formal junto das autoridades norte-americanas, segundo Wang.
A República Popular da China condena qualquer contacto oficial com a ilha, que funciona como uma entidade política soberana, ameaçando a reunificação pela força, "caso seja necessário".
Washington deve evitar "minar gravemente as relações sino-americanas, bem como a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan", disse o porta-voz do governo chinês.