Coreia do Norte denuncia "provocações políticas" dos EUA

Queixa de Pyongyang coincide com as primeiras críticas públicas de John Bolton desde a demissão como conselheiro de segurança nacional de Donald Trump.
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A Coreia do Norte criticou esta segunda-feira o impasse nas negociações com os EUA sobre o acordo nuclear, remetendo as culpas para as "provocações políticas e militares de Washington".

Esta tomada de posição coincide com a primeira tomada de posição pública, sobre a matéria, de John Bolton desde a demissão como conselheiro de segurança nacional do presidente norte-americano, Donald Trump. Bolton opôs-se sempre à celebração de um acordo nuclear entre Washington e Pyongyang e, agora sem os constrangimentos do antigo cargo, não poupou nas palavras: "Não há base para confiar em nenhuma promessa que faça o regime" de Kim Jong-un.

Trump prometera, na semana passada, realizar uma nova cimeira com o homólogo norte-coreano, Kim Jong-un, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros de Pyongyang, Kim Kye Gwan, respondeu no dia seguinte que não acreditava em resultados promissores desse encontro dada a falta de vontade dos EUA em suavizarem as sanções impostas ao seu regime.

Esta segunda-feira, o embaixador norte-coreano junto da ONU disse que a solução para o impasse "depende dos Estados Unidos", fazendo depender da atitude de Washington uma "janela de oportunidade para a saída da crise".

O diplomata, Kim Song, criticou a posição rígida da Administração norte-americana e disse que nem os EUA nem a Coreia do Sul parecem interessados em manter o espírito de diálogo saído das cimeiras realizadas este ano.

"A situação na península coreana não saiu do ciclo vicioso de aumento de tensão, que é inteiramente atribuível às provocações políticas e militares de Washington", afirmou Kim Song no final de uma reunião nas Nações Unidas.

As negociações entre Washington e Pyongyang ficaram congeladas desde a cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un, em fevereiro passado, apesar de os dois líderes terem feito um esforço para avançar no processo, num novo encontro em junho, na fronteira entre as duas coreias.

Na semana passada, Donald Trump admitiu uma outra cimeira com Kim Jong-un, mas sem falar em datas.

Pyongyang tem pedido a Washington um alívio das sanções impostas por retaliação a testes com armas nucleares por parte do Governo norte-coreano, mas Donald Trump já disse que qualquer alteração de posição deverá ser antecedida por medidas de desarmamento nuclear.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte disse na passada semana que confiava na "opção sábia e na ousada decisão do presidente dos EUA", mas logo acrescentou que não confiava em resultados sem uma alteração nas sanções.

O embaixador da Coreia do Norte na ONU pediu ainda à Coreia do Sul para que "ponha fim ao culto às grandes potências e à política de dependência de forças estrangeiras".

O Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, que realizou uma série de cimeiras com o líder da Coreia do Norte nos últimos meses, tinha dito na Assembleia Geral da ONU, na semana passada, que garantias mútuas de segurança permitiriam um desarmamento nuclear mais rápido e paz na península, em breve.

Moon Jae-in afirmara que, da parte do seu país, haverá "garantias de segurança da Coreia do Norte", acrescentando esperar que "a Coreia do Norte faça o mesmo pela Coreia do Sul".

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