Conselheira da Casa Branca contraria Trump e alerta: vem aí a "fase mais mortal" da pandemia
"Estamos a entrar na fase mais preocupante e mortal desta pandemia". O alerta é de Deborah Birx, a coordenadora da resposta à covid-19 da Casa Branca, e está explanado num relatório interno distribuído na segunda-feira a altos responsáveis da administração de Donald Trump e a que o The Washington Post teve acesso.
Birx adverte para um possível aumento da mortalidade devido à covid-19 e pede, por isso, que haja uma "ação mais agressiva" para fazer face ao número ascendente de infeções pelo novo coronavírus no país. Uma posição que colide com o que o seu presidente tem afirmado nos últimos dias. Donald Trump tem dito, durante a campanha eleitoral, que os EUA estão a conseguir acabar com a pandemia, mas a sua coordenadora não podia discordar mais.
Epidemiologista e coronel do Exército na reserva, Deborah Birx refere no documento que não se trata de aplicar um confinamento nacional, mas sim da necessidade de ter "uma abordagem agressiva e equilibrada que não está a ser implementada" nos EUA.
Uma abordagem que, diz, deve passar pelas mensagens "consistentes" à população, capacidade de testagem e o aumento de profissionais de saúde em todo o país antes de se atingir um pico de infeções de covid-19, avisou.
Sobre a comunicação da crise sanitária aos cidadãos, Birx detalhou ao considerar que os norte-americanos precisam de "mensagens consistentes sobre o uso uniforme de máscaras, o distanciamento físico e a lavagem das mãos". Além de que as autoridades de saúde devem transmitir informação sobre a necessidade de limitar as reuniões particulares, especialmente no seio familiar e entre amigos, defendeu.
De acordo com The Post, a coordenadora da resposta à pandemia da Casa Branca estima que esta semana os EUA atinjam mais de 100 mil casos diários.
"Os casos estão a aumentar rapidamente em cerca de 30% em todos os condados dos EUA, o maior número de pontos críticos a nível dos condados que vimos nesta pandemia. Metade dos Estados Unidos está na zona vermelha ou laranja, apesar do número de testes se ter mantido ou reduzido", alertou a especialista no memorando.
Na segunda-feira, os EUA ultrapassaram os 9,2 milhões de infetados com a doença covid-19 e mais de 231 486 mortos, desde início da pandemia, de acordo com a contagem independente de Universidade Johns Hopkins.