Confinamento evitou mais de três milhões de mortes na Europa
As medidas de confinamento devido à covid-19 evitaram 3,1 milhões de mortes em 11 países europeus e controlaram a pandemia, segundo um estudo divulgado esta segunda-feira.
Feito pelo "Imperial College", uma universidade britânica, cujos cientistas aconselharam o Governo de Londres sobre a crise sanitária, o estudo analisa as principais medidas tomadas em 11 países (Portugal não está incluído), como a proibição de eventos públicos, restrições na circulação e encerramento de escolas e do comércio.
"É importante medir a eficácia destas medidas, dado o seu impacto económico e social", sublinham os autores, numa altura em que a amplitude dos efeitos colaterais do confinamento é criticada com regularidade e quando muitas pessoas pedem o levantamento das restrições.
Os investigadores compararam o número de mortes registadas na base de dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças com o número de mortes que teria ocorrido na ausência de medidas de controlo, estimado através de modelos matemáticos.
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Num artigo publicado na revista científica Nature, os responsáveis estimam também que as medidas reduziram em 82% a taxa de reprodução do vírus (o número de novos casos por cada pessoa infetada), permitindo que se mantivesse abaixo de um, limiar abaixo do qual o número de casos diminui.
Os investigadores calculam também que em 04 de maio 12 a 15 milhões de pessoas estavam infetadas pela covid-19, com grandes variações entre países.
A Bélgica teria a taxa de infeção mais elevada, com 8% da população a contrair o coronavírus, seguida da Espanha (5,5%), do Reino Unido (5,1%) e da Itália (4,6%). Em contrapartida apenas 0,85% dos alemães (710.000) contraíram o vírus.
Os autores sublinham que as medidas foram tomadas em conjunto ou muito perto no tempo pelo que é difícil avaliar o impacto de cada uma em separado.
Mas concluem que "o confinamento teve um efeito substancial sobre o controlo da epidemia". E acrescentam: "Devem ser consideradas medidas contínuas para manter a transmissão do SARS-CoV-2 sob controlo".
Os 11 países estudados foram a Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Itália, Noruega, Reino Unido, Suécia e Suíça.
Outro estudo, feito pela Universidade de Berkeley, Estados Unidos, e também publicado hoje na Nature, estima que 530 milhões de infeções pelo novo coronavírus foram evitadas em seis países (China, Coreia do Sul, EUA, França, Irão e Itália) graças às medidas implementadas até 06 de abril.
Os autores comparam a taxa de crescimento diário do número de novos casos antes e depois da implementação das medidas e concluem que estas "abrandaram consideravelmente" a taxa de contaminação.