Comunidade Israelita quer história dos judeus nos livros escolares

A comunidade que reside em Portugal pede para ser ouvida no processo de aperfeiçoamento das metas curriculares
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A Comunidade Israelita do Porto quer que os manuais de História passem a contemplar a presença dos judeus em Portugal, tendo dirigido ao Governo um pedido de revisão de programas curriculares para o efeito.

"Informámos o senhor primeiro-ministro que desejamos que o Ministério da Educação proceda à revisão dos programas e das metas curriculares do 5.º ano e seguintes para que os manuais de História passem a contemplar a presença dos judeus em Portugal, que é anterior à fundação da nacionalidade e relevante na construção do país", explicou à Lusa Isabel Ferreira Lopes, vice-presidente da comunidade.

No documento enviado a 27 de maio, e a que hoje a Lusa teve acesso, a Comunidade Israelita do Porto (CIP) pede que os manuais de História passem a incluir também a presença dos judeus na Península Ibérica.

Usando como exemplo um dos manuais do quinto ano de História e Geografia de Portugal, a CIP refere que "os judeus são completamente expurgados da história do território que hoje é Portugal".

"São referidas as primitivas comunidades recoletoras, as comunidades agropastoris, os celtas, os iberos, os povos comerciantes (fenícios, gregos, cartagineses), os romanos, os visigodos, os muçulmanos, enfim... todos menos os judeus", critica.

A comunidade recorda também o reinado de D. Manuel e destaca que no manual escolar em causa não há "qualquer referência ao Édito de Expulsão de 1496, uma das decisões mais importantes da História de Portugal e do mundo".

Assinala-se ainda que, "no contexto dos benefícios da presença islâmica na Península Ibérica, procede-se a uma citação de Maimónides, como se o mesmo fosse muçulmano, quando na realidade foi um dos mais reputados vultos do judaísmo medieval".

A CIP que pede ainda para ser ouvida no processo de aperfeiçoamento das metas curriculares e nos "conteúdos obrigatórios nos manuais escolares".

Até ao momento não foi possível à Lusa obter resposta por parte do Ministério da Educação sobre o assunto.

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