Com quatro mil novos casos diários, Israel é o primeiro país desenvolvido a reconfinar
Após várias semanas de hesitações, o governo israelita impôs este domingo um confinamento geral de três semanas, tornando-se assim um dos primeiros países do mundo a reconfinar toda a sua população devido a uma nova vaga de covid-19.
As restrições coincidem com as festividades do Ano Novo Judaico e outras importantes celebrações religiosas e têm como objetivo reduzir a deslocação de pessoas e a reunião alargada das famílias, que com o confinamento imposto, veem a sua mobilidade e atividades profissionais, académicas e religiosas condicionadas drasticamente.
Os cidadãos israelitas estão proibidos de afastar-se mais de 500 metros de suas casas, com exceção dos que prestem serviços essenciais, os estabelecimentos de ensino, desde o pré-escolar às universidades estão encerrados, assim como os restaurantes, o comércio não essencial e os locais de diversão noturna. Os ajuntamentos estão limitados a 10 pessoas em locais fechados e 20 ao ar livre.
O objetivo é diminuir o número de contágios e tentar aliviar a pressão sobre o sistema de saúde do país. Se as medidas não produzirem os resultados esperados, o governo e as autoridades de saúde admitem prolongar as restrições até novembro.
As autoridades sanitárias do país tinham advertido que haveria um novo confinamento se superassem os 2.000 casos positivos diários, o que não aconteceu, mas, na última semana, já ascendem a 4.000, com os hospitais em estado de saturação e os casos graves a elevarem-se.
O confinamento vai durar até 9 de outubro e coincidir com três celebrações religiosas muito importantes para os judeus: O Rosh Hashaná (Ano Novo judeu), Yom Kipur (Dia do Perdão) e o Sucot (os Tabernáculos).
O setor público diminuirá os seus trabalhadores ao mínimo, e o setor privado poderá continuar a trabalhar com normalidade, mas não será permitido receber clientes.
"Estas medidas têm um custo muito alto para todos nós", disse o primeiro-ministro israelita, Benjamín Netanyahu, após anunciar o confinamento e as regras impostas.
"Mas só se cumprirmos as regras, e confio que o faremos, derrotaremos o vírus", acrescentou, antes de entrar no avião que o levará a Washington, nos Estados Unidos, para assinar, no dia 15 de setembro, na Casa Branca, os acordos de estabelecimento de laços diplomáticos com os Emirados Árabes Unidos e o Baréin.
A decisão de aplicar um novo confinamento foi alcançada após uma reunião dos ministros do Governo, que durou mais de sete horas e que, segundo os meios locais, provocou gritos e acusações cruzadas, esteve marcada também pela demissão do ministro da Construção e Habitação, o ultraortodoxo Yaakov Litzman, além de vários ministros que alertaram para os danos que o confinamento vai provocar na economia.