Cinco incógnitas pós-eleições em Espanha

PSOE venceu, PP obteve pior resultado de sempre, Ciudadanos tem força para chegar a governo se Sánchez quiser, Podemos já pensa numa coligação com socialistas. E agora?
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1. Pedro Sánchez quer uma Espanha social-democrata, de todos os espanhóis e europeísta. O sócio de coligação previsível é o Podemos, mas a soma de deputados não chega, além de que o partido de Pablo Iglesias é demasiado compreensivo com o independentismo catalão e pouco entusiasta com a União Europeia. Que acordo tentarão fazer? Haverá pela primeira vez na Espanha democrática ministros de dois partidos, uma verdadeira coligação?

2. Discursava Pedro Sánchez, já como primeiro-ministro eleito, e ouvia-se na multidão socialista "Rivera Não". PSOE e Ciudadanos teriam, coligados, uma maioria absoluta, além de que programas conciliáveis em várias áreas, a começar pela questão catalã. Será o interesse nacional capaz de ultrapassar as rivalidades pessoais vindas de outros momentos? E será a militância socialista capaz de perdoar a Albert Rivera ter admitido governar com o Vox?

3. Pablo Casado quis ser o rosto do rejuvenescimento do PP, partido desgastado pela liderança de Mariano Rajoy e pelos múltiplos escândalos de corrupção. O único rejuvenescimento que conseguiu foi mesmo o seu rosto nos cartazes, pois o partido obteve o pior resultado da sua história e está ameaçado no campo da direita pelo Ciudadanos e pelo Vox. Vem ai novo líder, seja de que idade for?

4. O Vox obteve mais de 10% dos votos e dá uma bancada à extrema-direita como esta nunca teve na Espanha pós-franquista. Discurso dos líderes foi de defesa de uma Espanha unitária, centralista e adversa às autonomias consagradas na Constituição de 1978. Sem responsabilidades governativas, partido de Santiago Abascal promete fazer oposição à esquerda sem tréguas. Tentará também dar um golpe final a um PP que parece moribundo sem a sua ala direita?

5. Na Catalunha, nas fileiras independentistas, a Esquerda Republicana fez muito melhor nestas legislativas do que o Junts per Catalunya, de direita e mais radical nisto do braço de ferro com Madrid. Estará na ERC a solução tanto para um governo de esquerda como para uma saída negociada para a questão catalã?

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