Nove meses e 500 pessoas assassinadas
A cidade de Chicago, nos Estados Unidos, registou no dia 5 de setembro o 500º homicídio. Este número revela a crescente violência que tem assolado a cidade nos últimos tempos, visto que vários índices provam que a criminalidade em Chicago tem aumentado exponencialmente.
Durante o fim de semana prolongado do Dia do Trabalhador, feriado nos Estados Unidos que foi celebrado esta segunda-feira, foram mortas a tiro 13 pessoas, segundo o jornal Chicago Tribune. Entre as vítimas estava um casal: Crystal Myer, uma mulher de 23 anos grávida de nove meses e Albert Moore, o pai da criança.
Não há informação sobre o estado de saúde do bebé, mas sabe-se que o tiroteio ocorreu no mesmo local onde há apenas 20 horas tinha sido assassinada outra pessoa.
As autoridades falam de uma onda de criminalidade, segundo a CNN, visto que 2016 foi o ano mais mortíferos das últimas duas décadas em Chicago em termos de homicídios.
Este ano, a cidade de Chicago registou 500 homicídios antes do final do verão. No ano passado, até ao final de 2015, tinha registado no total 480. A onda de assassinatos terá começado em 2014, quando o número de casos começou a aumentar, após se ter mantido estável durante vários anos.
Vários fatores poderiam explicar a onda de crimes que esta cidade de 2.7 milhões de habitantes vive e mesmo assim a solução parece inalcançável. Se por um lado Chicago tem uma das leis mais restritas sobre o controle de armas, por outro regista cerca de 82 tiroteios por semana e vários dos homicídios são causados com armas de fogo.
Além disso, o crime organizado está bastante presente nas ruas de Chicago - com membros de grupo rivais a resolverem os seus problemas com armas e tiroteios - mas ao mesmo tempo a população sente que não pode confiar na polícia, principalmente devido aos casos de brutalidade policial que têm agora sido divulgados.
O caso de Laquan McDonald, um jovem negro de 17 anos baleado 16 vezes pela polícia, aumentou o fosse entre a poulação e as autoridades e trouxe protestos na cidade que duraram vários dias.
No meio deste cenário, não resta outra opção aos habitantes de Chicago senão tentar sobreviver. Stephanie Armas, de 43 anos, contou à CNN que desde cedo ensinou aos filhos o que fazer caso sejam apanhados no meio de um tiroteio.
"Quando eles eram bebés eu tive de dizer-lhes 'se ouvirem tiros atirem-se para o chão'", contou Stephanie. "Se vivemos numa sociedade onde [os nossos filhos] têm de aprender a fugir das balas, temos de ensinar os nossos filhos a fugir das balas", continuou Stephanie, dizendo que o dever de cada mãe é "ensinar as crianças a se protegerem".