Cheias em Díli provocaram um morto, quatro feridos e 300 deslocados
As cheias de sexta-feira na cidade de Díli afetaram grande parte da zona central e leste da capital timorense e provocaram um morto e quatro feridos, com mais de 300 pessoas deslocadas, segundo a Proteção Civil.
Segundo um relatório a que a Lusa teve acesso há já mais de 3500 pessoas afetadas, com danos nas casas, tendo vários residentes, contactados pela Lusa, confirmado a perda quase total dos seus bens.
A zona de Bidau, no centro da cidade, tem mais de mil pessoas afetadas, a que se somam quase 830 em Santa Cruz, 621 em Becora, quase 590 em Hera e cerca de 450 no Bairro Pité.
A vítima mortal, uma jovem de 16 anos, vivia na zona de Becora, tendo os quatro feridos regressado a casa depois de terem sido assistidos no Hospital Guido Valadares.
Os 300 deslocados estão atualmente alojados temporariamente em três centros, dois da Proteção Civil e um na Igreja de Bidau.
Além de intervenções em vários pontos da cidade, com limpeza e remoção de terra, lama e lixo, continuam a decorrer as operações de limpeza na Escola Portuguesa de Díli, entre outros locais.
Continuam igualmente a decorrer trabalhos de remoção de água e lama no Palácio Presidencial e água potável está a ser fornecida às populações das zonas mais afetadas.
Dois dos locais que suscitaram preocupação estão ambos relacionados com as medidas de preparação para a eventualidade do covid-19 ser confirmado em Timor-Leste.
As cheias causaram problemas e perda de equipamento e material na Clínica de Vera Cruz, local onde o Governo pretende instalar eventuais casos críticos.
Também o Laboratório Nacional -- que estava a ser preparado para poder começar testes ao covid-19 -- ficou inundado, com uma operação de limpeza a decorrer durante o fim de semana.
Rajesh Pandava, da Organização Mundial de Saúde (OMS) -- que apoiou a limpeza -- explicou à Lusa que os trabalhos foram concluídos e que o espaço deverá ficar preparado na segunda-feira para recolher e preparar testes que terão, ainda, que ser enviados para Darwin, no Norte da Austrália.
O Ministério das Obras Públicas está a liderar os trabalhos de limpeza de ruas e outras infraestruturas, numa cidade onde é visível, ainda hoje, a lama e o lixo acumulado em muitos locais.
O trânsito está condicionado ou mesmo bloqueado em várias zonas da cidade, com o sol a secar a lama em muitos locais, causando nuvens de pó.
Um dos trabalhos essenciais, que ainda decorre e não tem para já fim à vista, é a limpeza e desassoreamento das três ribeiras afetadas pelas cheias.
"Os canais precisam de trabalho dos canais têm que continuar para normalizar os leitos e assim evitar mais desastres em caso de futuras chuvas", refere o relatório.
O relatório inclui a informação mais atualizada recolhida durante o fim de semana sobre o número de vítimas das cheias, que afetaram particularmente as zonas central e leste da cidade.
Hoje grande parte das zonas continuam ainda cheias de lama, detritos e lixo, com as famílias, empresas e instituições a continuarem a complicada tarefa de limpeza, com perdas materiais significativas.
O relatório refere que tanto timorenses como estrangeiros têm estado a entregar comida e bens não-alimentares na Proteção Civil que começaram a ser distribuídos, com outros apoios oficiais e de agências nacionais e internacionais, aos afetados.
Dados definitivos sobre as famílias afetadas ainda estão a ser recolhidos, especialmente porque a zona afetada é muito vasta, com o foco da recolha de informação a ser agora a zona de Becora, localizada entre as duas ribeiras que romperam as margens.
Várias empresas locais têm vindo a apoiar as tarefas de apoio e recuperação, especialmente na entrega de água às comunidades afetadas.
Responsáveis de agências internacionais ouvidos pela Lusa notam que o próximo passo essencial é "garantir que é implementado um bom plano de distribuição" para "que o apoio chega a todos os que precisam".