Café de Roma proíbe conversas sobre covid-19

Coronavírus, confinamento e virologia em geral são assuntos proibidos num bar de Roma.
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"E vietato parlare di coronavírus". O pedido está afixado num cartão sobre o balcão deste pequeno bar nos arredores de Roma: conversas sobre coronavírus, confinamento e assuntos relacionados com virologia estão proibidas.

O estabelecimento espera assim dar uns momentos de tranquilidade aos clientes enquanto estes saboreiam uma bebida.

"Falamos do mesmo há meses, por isso decidimos aligeirar o ambiente", contou a gerente do Feeling Bar, Cristina Mattioli, à AFP.

Itália, um dos países europeus mais afetados pela pandemia de covid-19 e um dos viveu um confinamento mais restritivo, vive na sombra da doença há mais tempo do que a mairia dos países europeus.

Depois de algumas semanas de acalmia, os números voltaram a crescer, tanto de infetados como de óbitos, dominando todas as conversas.

"Não se trata de estamos em negação ou de não entendemos as dificuldades do que o mundo está a atravessar, trata-se apenas de fazer uma pausa", disse Cristina Mattioli.

Os clientes do Feeling Bar agradeceram a medida. Bruna Piazza, cliente habitual, acha que esta era uma grande ideia. "Estamos fartos de falar de covid, já não aguentamos, onde quer que vamos só se fala de covid", disse a mulher de 58 anos.

"Fico feliz de poder falar de tudo menos isso, prefiro o tempo ou celebridades"

O novo coronavírus está presente em tudo - do álcool gel, às máscaras, passando pelo próprio horário do café que agora, de acordo com as medidas do governo italiano para conter a propagação do vírus, tem de fechar as portas às 18:00.

Para ajudar os clientes, Cristina Mattioli afixou outro cartaz com ideias de conversas, incluindo história e cultura.

"É uma iniciativa sensata, indispensável diria mesmo", afirma a cabeleireira Maurizio Ciocari, outra cliente habitual. "É preciso deixar de falar sobre isto e resolver o problema, não falar dele":

Este fã de rock n' roll, de cabelos compridos e 63 anos, diz que se pode falar de muitos outros assuntos. "Falamos de tudo. Eu adoro música".

Mas que acontece se um cliente, inadvertidamente, começar a falar de curvas exponenciais ou de uma possível vacina?

Nada acontece, promete Cristina Mattioli, mas fazemos questão de mostrar os cartazes, diz a gerente, de 35 anos.

Os efeitos da medida começam a notar-se, avança. Apareceram dois novos clientes no café que tinham ouvido falar de um sítio onde não se podia falar de covid-19 e que lhe deram os parabéns pela ideia.

"Outra dona de um café em Trentino [no noroeste de Itália] fez cartazes semelhantes, embora me tenha pedido licença"., diz Mattioli, orgulhosa.

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