Bomba H de Kim Jong-un leva Trump a ameaçar a China
Regime está a ir cada vez mais longe no seu desafio à comunidade internacional, sobretudo aos EUA e à China, tendo testado ontem uma bomba de hidrogénio
A Coreia do Norte voltou ontem a desafiar a comunidade internacional, principalmente os EUA e a China, ao realizar um teste com uma bomba de hidrogénio. Apesar de ser o sexto do género no país, este é o primeiro ensaio com uma arma de destruição massiva desde que Donald Trump chegou ao poder. O presidente norte-americano não ficou por isso indiferente e, ainda antes de se reunir com a sua equipa de segurança nacional, ameaçou cortar relações comerciais com todos os países que mantenham negócios com os norte-coreanos. Um aviso que pode ser entendido como uma forma de pressionar a China a ter mão forte em relação ao regime de Kim Jong-un: 90% das trocas comerciais de Pyongyang são realizadas com Pequim.
"Além de outras opções, os EUA estão a considerar parar todas as trocas comerciais com qualquer país que mantenha negócios com a Coreia do Norte", escreveu Donald Trump num dos cinco tweets que escreveu sobre o assunto. Nos outros posts que fez, o republicano indicou que iria reunir-se ontem com os chefes militares norte-americanos na Casa Branca e deixou mensagens a alguns dos países vizinhos da Coreia do Norte. "A Coreia do Sul está a descobrir, tal como eu já lhes tinha dito, que o seu diálogo de apaziguamento com a Coreia do Norte não iria funcionar porque eles só compreendem uma coisa!" Classificando o país de Kim Jong-un como um Estado falhado, Trump constatou que "a Coreia do Norte é uma grande ameaça e embaraço para a China, a qual tenta ajudar mas até agora com muito pouco sucesso".
O teste norte-coreano ocorreu no dia em que o presidente chinês foi o anfitrião da cimeira dos BRICS (bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A agência oficial chinesa Xinuha informou que Xi Jinping e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, reafirmaram o compromisso para com o objetivo da desnuclearização da península coreana e em "manter uma comunicação e uma coordenação próximas para lidar com a atual situação".
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EUA, Reino Unido, França, Coreia do Sul e Japão (este último foi sobrevoado na semana passada por um míssil que foi disparado pela Coreia do Norte e acabou por cair no oceano Pacífico) exigiram entretanto uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas - prevista para as 10.00 de hoje em Nova Iorque (15.00 horas em Lisboa). "Este ato é mais uma violação das obrigações internacionais da República Democrática Popular da Coreia e prejudica os esforços de não proliferação e desarmamento", disse ontem o secretário-geral da ONU, António Guterres, num comunicado transmitido pelo seu porta-voz e citado pelas agências.
Do lado da Europa, a chefe da diplomacia da União Europeia considerou o ensaio norte-coreano com a bomba de hidrogénio como uma provocação. "É uma grave ameaça à segurança regional e internacional", disse Federica Mogherini em comunicado, enquanto o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, garantiu que a União Europeia "está pronta para agravar a política de sanções e insta a Coreia do Norte a recomeçar, sem condições, o diálogo sobre o seu programa [nuclear]. Apelamos ao Conselho de Segurança da ONU que adote mais sanções e mostre determinação em conseguir uma desnuclearização pacífica da península coreana". Tentando acalmar eventuais receios sobre uma intervenção militar contra Pyongyang, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Boris Johnson, disse: "Claro que temos o direito de dizer que todas as opções permanecem em aberto, mas na realidade não há nenhuma solução militar fácil." Se o Ocidente optasse por essa via, o que aconteceria seria que "basicamente iria vaporizar" grande parte da população, mesmo só com armas convencionais, alertou o chefe da diplomacia britânica.