Bolsonaro volta a recomendar o uso de cloroquina

Sob o 20.º panelaço consecutivo, presidente do Brasil defende remédio, cujos efeitos secundários ainda são uma preocupação para a comunidade médica internacional, mesmo nos casos mais leves de contaminação pelo novo coronavírus. Foi a terceira comunicação ao país em três semanas
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Jair Bolsonaro recomendou o uso da hidroxicloroquina no combate à pandemia de Covid-19, logo na primeira fase de contaminação, na sua terceira comunicação ao país em três semanas, nesta quarta-feira. O presidente brasileiro, alvo do 20.º panelaço - ruidosos protestos populares à janela - consecutivo em dezenas de cidades, citou reuniões com médicos e pesquisadores para defender o uso de remédios à base do medicamento, apesar de não terem sido completamente testados e de haver relatos de efeitos secundários graves. O discurso surge no contexto de um braço-de-ferro de Bolsonaro com Luiz Henrique Mandetta, o seu ministro da saúde, com o qual diverge sobre a política de isolamento social e o uso de cloroquina.

O número de mortos em decorrência do novo coronavírus no Brasil subiu nesta quarta-feira para 800, um aumento recorde de 133 vítimas em 24 horas, informou o Ministério da Saúde horas antes de Bolsonaro se dirigir ao país. De acordo com o novo balanço, a quantidade de casos registados no país também teve um crescimento significativo de 2,2 mil contágios, totalizando 15.927. O resultado representa um aumento de 16% em comparação ao dado anterior.

Jair Bolsonaro quis demitir o ministro da saúde em plena pandemia do coronavírus, na última segunda-feira. A popularidade de Mandetta, o rosto do governo federal do Brasil na luta contra o Covid-19 vem subindo a pique nos últimos dias, ao contrário da do presidente.

"Faltou-lhe humildade", "fala pelos cotovelos" e "não hesitarei em usar a caneta, ninguém é indemissível", foram alguns dos comentários recentes de Bolsonaro a propósito do ministro. Em resposta, Mandetta, ortopedista de formação, foi afirmando, a propósito de uma eventual demissão, que "um médico não abandona o paciente". "Ao presidente, com mandato popular, cabe falar, a mim cabe-me trabalhar", disse também.

Uma reunião entre ambos horas antes do pronunciamento desta quarta-feira terá limado as arestas entre ambos,

No discurso à nação anterior, também sob panelaço, Bolsonaro dissera que a "prevenção importa mas o emprego deve ser preservado", tentando aproximar o seu discurso ao do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS),

Uma semana antes, mais agressivo e ainda sob mais protestos, o presidente do Brasil chamara o coronavírus de "gripezinha", pedira à população para retomar a rotina e dissera não entender o motivo das aulas estarem suspensas. Ainda, acrescentou na ocasião estar tranquilo caso seja contaminado pelo vírus por ter "histórico de atleta" e acusou a imprensa de provocar pânico.

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