"Barcelona não arde!". Manifestação constitucionalista junta milhares nas ruas

Manifestantes regressaram às ruas de Barcelona. Desta vez, garantem, para uma marcha "cívica, apartidária e transversal".
Publicado a
Atualizado a

Passam 13 dias desde que o Supremo Tribunal espanhol anunciou a sentença contra os líderes do procés , associados ao referendo independentista de 1 de outubro de 2017. E é mais um dia de manifestações em Barcelona. Depois de este sábado ter sido marcado por protestos violentos contra a sentença dos líderes independentistas, para este domingo estava prevista uma marcha anti-procés, sob o lema "Pela convivência, pela democracia, pela Catalunha: stop procés" e organizada pela associação Sociedade Civil Catalã (SCC).

A manifestação, que se assume como "cívica, apartidária e transversal" com o objetivo de "pôr em marcha uma vaga tranquila e serena para reconstruir a Catalunha", segundo as autoridades,junta 80 mil pessoas nas ruas, diz o El País. Já a organização aponta para cerca de 400 mil manifestantes.

"Barcelona não arde!" é um dos gritos de guerra mais ouvidos nas ruas, referindo-se ao vandalismo e à violência consequentes das manifestações pela independência. Outros gritam: "Aqui, a imprensa não usa capacete", reforçando o caráter pacifista da marcha.

A marcha conta com a presença do primeiro secretário de Partido Socialistas da Catalunha, Miqel Iceta, o secretário de organização do PSOE, José Luis Abalos, o atual ministro dos Assuntos Exteriores, Josep Borrell, o líder do Partido Popular, Pablo Casado, bem como o líder do Ciudadanos, Albert Rivera. No Twitter, também o ex-candidato à câmara de Barcelona com o apoio do Ciudadanos, Manuel Valls, confirmou que estará presente nesta ação.

Diante dos milhares de manifestantes, Fernando Sánchez Costa, presidente da SCC, leu um manifesto: "Não queremos nem precisamos de fronteiras. Não queremos muros, os independentes querem. Presidente Torra, se não sabe governar, se não governa todos os catalães, se prefere ser ativista, é muito simples: vamos às urnas". Sánchez Costa pede uma "reforma imediata da lei eleitoral catalã".

As manifestações deste domingo prolongam-se até Bruxelas, onde cerca de cem pessoas também estão a manifestar-se pela unidade de Espanha. "É uma manifestação em defesa da coexistência na Catalunha, a favor da democracia e do Estado de direito, como é o Estado espanhol", disse o porta-voz da Sociedade Civil Catalã, em Bruxelas, José Luis Rufas, ao jornal El Mundo.

A condenação que levou milhares às ruas

Para o tribunal, as ações dos réus procuraram "limitar" a aplicação da legalidade constitucional e estatutária e impedir o cumprimento das resoluções administrativas e judiciais emitidas pela mesma, de forma a declarar a independência da Catalunha e forçar o Estado espanhol a aceitar a separação desse território. Considerou ainda que os independentistas colocaram em grave risco a ordem constitucional através destes atos criminosos.

Raül Romeva, Jordi Turull e Dolors Bassa ficaram condenados a penas de 12 anos de prisão e 12 de inabilitação. Já a independentista Carme Forcadell foi sentenciada a 11 anos e seis meses de prisão, bem como ao mesmo período de impedimento no exercício de funções públicas. Joaquim Forn e Josep Rull foram condenados a dez anos e seis meses de prisão e a igual tempo de desqualificação absoluta. Também Jordi Sánchez e Jordi Cuixart foram condenados a nove anos de prisão e outros nove anos de impedimento. Outros três militantes independentistas - Santi Vila, Meritxell Borràs e Carles Mundó - que saíram condenados a penas de dez meses de multa, com uma taxa diária de 200 euros, e ao impedimento do exercício de funções por um ano e oito meses, por crime de desobediência.

Só Joaquim Forn, Josep Rull, Santiago Vila, Meritxell Borràs e Carles Mundó saíram absolvidos.

As sentenças provocaram uma onda de protestos na Catalunha, alguns mais violentos, que dura até hoje.

Em atualização

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt