Aplicação oficial acusada de pôr em risco dados pessoais

A Aadhaar está a ser alvo de críticas depois do escândalo da Cambridge Analytica. Várias alegadas violações de privacidade estão em causa
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O sistema de dados biométricos utilizado na Índia está a dar que falar. Sobretudo, depois das suspeitas que recaem sobre o uso indevido de dados privados de utilizadores do Facebook.

A Aadhaar - assim se chama o sistema cada vez mais utilizado para aceder a serviços do governo, que faz reconhecimento da íris e de impressões digitais - está a ser duramente criticado, sobretudo pela oposição do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

Investigadores de segurança digital alegaram no fim de semana que a aplicação estava a enviar dados dos utilizadores para terceiros sem consentimento, e adiantou que o Aadhaar, que contém detalhes de mais de mil milhões de pessoas, sofreu uma violação de segurança.

A agência indiana que administra Aadhaar refutou as acusações e KJ Alphons, ministro de tecnologia da informação, disse que os opositores do programa só se importavam quando era "o próprio governo" a procurar dados, dando como exemplo, os pedidos de visto para os EUA, que exigem páginas de documentos e dados biométricos dos indianos, com os quais a maioria concorda.

"Nós não temos absolutamente nenhum problema em dar nossas impressões digitais ou em ficar de tronco nu diante de estrangeiros", disse Alphons no domingo. "Mas quando o próprio governo pede o nome e o endereço, há uma revolução maciça, dizendo que é uma invasão de privacidade."

Nova denúncia

Na mais recente alegada violação, relatada pelo ZDNet, um erro do sistema permitiu que vários registos da Aadhaar, entre os quais dados bancários, fossem acedidos por terceiros.

A Unique Identification Authority, que administra a Aadhaar, disse que não houve "absolutamente nenhuma violação".

Os números da polémica da Aadhaar

Lançado em 2009, a Aadhaar faz parte de um projeto maior para conectar a carteira de identidade biométrica ao código tributário, à conta corrente e à conta de subvenção.

O sistema é usado em bancos, empresas de telefonia, serviços públicos e autoridades fiscais. Estima-se que, em média, 40 milhões de autenticações sejam feitas por dia, num total de quase 17 bilhões desde o início das operações.

A polémica da privacidade dos dados originou várias petições que estão atualmente a ser examinadas pela justiça indiana.

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