O presidente norte-americano escolheu mais uma vez o Twitter para se defender, garantindo que não chamou a El Salvador, Haiti e outras nações africanas "países de merda", conforme foi veiculado pela imprensa dos EUA, numa reunião com congressistas a propósito da imigração..Na rede social, Trump partilhou uma mensagem dizendo que as palavras que usou no encontro foram "duras", mas que "não foi essa a linguagem" que usou. "O que foi realmente duro foi a bizarra proposta apresentada", garantiu..[twitter:951793123985973248].Num segundo 'tweet', acrescentou: "Nunca disse nada depreciativo sobre haitianos, exceto que o Haiti é, obviamente, um país muito pobre e com muitos problemas. Nunca disse: 'Levem-nos daqui para fora'. É inventado pelos democratas. Tenho uma relação maravilhosa com os haitianos. Provavelmente deveria gravar as futuras reuniões - infelizmente, não há confiança"..[twitter:951813216291708928].O presidente dos EUA teria recorrido ao calão, com a expressão "shithole countries", depois de dois senadores lhe terem apresentado um projeto de lei migratório ao abrigo do qual seriam concedidos vistos a alguns cidadãos de países que foram recentemente retirados do Estatuto de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês), como El Salvador, Haiti, Nicarágua e Sudão. "Por que razão temos todas estas pessoas de países de merda a virem para aqui?", afirmou Donald Trump,.Donald Trump sugeriu, na réplica, que os Estados Unidos deviam atrair mais imigrantes de países como a Noruega, com cuja primeira-ministra se reuniu na véspera. Os deputados presentes na reunião ficaram chocados com os comentários, de acordo com o jornal The Washington Post, que não esclareceu se o presidente norte-americano se referia também à Nicarágua e não identificou os países africanos em causa..O departamento de Direitos Humanos das Nações Unidas já reagiu: um porta-voz frisou que, a serem verdadeiros, os comentários de Trump eram racistas e chocantes. "Não há outra palavra que possamos usar a não ser racista", disse Rupert Colville, numa conferência de imprensa em Genebra. "Não se pode desconsiderar países inteiros e continentes como países de merda e cujas populações, que não são brancas, em consequência deixam de ser bem-vindas", assinalou o porta-voz..O mesmo responsável acrescentou que os comentários de Trump poderiam colocar vidas em perigo, por incentivarem a xenofobia. "Torna legítimo transformar as pessoas em alvos só por serem quem são". E referiu: "Não se trata apenas de linguagem vulgar, trata-se de abrir a porta ao pior lado da humanidade"..Colville disse ainda que as declarações do presidente "vão contra os valores universais que o mundo se tem esforçado por estabelecer desde a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto"..Antes, também a União Africana se declarara "francamente alarmada" com as declarações do presidente norte-americano em "linguagem vulgar". A porta-voz da União Africana, Ebba Kalondo, considerou as declarações de Donald Trump inaceitáveis tendo em conta a realidade histórica e a quantidade de africanos que chegou aos Estados Unidos como escravos.."Isto é particularmente surpreendente, já que os Estados Unidos da América continuam a ser um exemplo global de como a migração deu origem a uma nação baseada em valores fortes de diversidade e oportunidade", destacou..Também uma alta dirigente do partido no governo na África do Sul, o Congresso Nacional Africano, considerou os comentários do presidente norte-americano "extremamente ofensivos". "O nosso não é um país de merda, nem o Haiti ou qualquer outro país com problemas", disse Jessie Duarte, a secretária-geral adjunta do partido.