Ambientalistas denunciam matança de golfinhos no Japão
A associação ambientalista Dolphin Project denuncia uma matança de golfinhos no Japão, descrevendo a forma como foram capturados. ATENÇÃO: As imagens podem perturbar as pessoas mais sensíveis.
A associação ambientalista Dolphin Project denunciou esta quarta-feira uma matança de golfinhos este domingo em Taiji. "Em menos de duas horas após deixarem o porto, os caçadores localizaram um grupo de golfinhos listrados (...)", seguindo-se "um banho de sangue" que durou outras duas horas.
Explicam que as batidas constantes dos caçadores em barras de metal criam uma parede de som debaixo da água, o que assusta e desorienta os golfinhos, para que os possam encaminhar para uma enseada na praia para depois os matar. E usam redes para evitar que fujam.
"Alguns golfinhos fizeram uma tentativa desesperada de escapar, acabando por se emaranhar nas redes, enquanto outros sangravam das feridas (...) Os golfinhos feridos poderiam ter sido facilmente atingidos pelos motores das embarcações que os caçadores usam para os forçarem a dirigirem-se para a praia da matança ( ,,,) Na praia, três caçadores agarraram na cabeça dos golfinhos amontoados na enseada, mas um deles conseguiu escapar. Ao outro, um homem segurou a cabeça com força de forma a manter a boca fechada, enquanto um segundo agarrava a barbatana peitoral do golfinho, virando-o de cabeça para baixo e o empurrando-o para debaixo da água. É uma cena de extrema violência, selvagem", descreve a Dolphin Project no seu blogue.
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Tiraram fotos e fizeram vídeos, apesar dos caçadores terem erguido lonas para que não vissem o que se estava a passar na praia, como fazem sempre. A organização ambientalista sublinha que os golfinhos têm poucas hipóteses de escapar a esta perseguição no mar. "Ficam sem força muito antes de os barcos ficarem sem combustível. Têm a vida em jogo, mas não podem nadar rápido o suficiente para evitar a captura. Algumas crias ficam para trás e perdem-se no mar, o que nunca o saberemos. Havia salpicos frenéticos na água perto das lonas provocados pelo agitar dos golfinhos que tentavam fugir. Outros foram forçados a ver a sua família a ser arrastada para baixo das lonas. Um jovem golfinho fugiu e deixou um longo rastro de sangue enquanto tentava manter-se à tona da água".
A caça aos golfinhos é uma prática comum em Taiji, o que os locais justificam como sendo uma tradição. Os ambientalistas chamam-lhe "massacre". Argumentam: "como é que os caçadores se dizem orgulhosos de tal prática quando passam o tempo a esconder o abate do mundo".
Os golfinhos listrados são uma espécie de golfinho social e muitas vezes viajam em grupos coesos e fechados chegando a atingir centenas de indivíduos. Não são encontrados em cativeiro, pois não são tão facilmente treinados quanto outras espécies de golfinhos.
O Museu do Baleia de Taiji, mantém os golfinhos listrados em pequenos tanques e gaiolas marinhas. A Dophin Projet diz que, até agora, cinco golfinhos listrados foram levados para o cativeiro durante esta temporada de caça. Tal não aconteceu no dia 27 de janeiro. "Os treinadores de golfinhos não apareceram, isto apesar de estarem conscientes de que um grande grupo de golfinhos estava preso na enseada", denuncia.
A Dolphin Project é uma organização sem fins lucrativos e foi criada por Richard O'Barry, a 22 de abril de 1970, Dia da Terra. Visa sensibilizar o público para o cativeiro dos golfinhos, soltando-os sempre que possível. A sua missão é acabar com a exploração e o abate da espécie, acusando: "Os golfinhos são rotineiramente capturados, assediados, abatidos e vendidos em cativeiro em todo o mundo, tudo em nome do lucro".