Alemanha procura explicações para choque frontal de comboios
Os dois comboios circulavam a alta velocidade e o choque frontal que aconteceu ainda está por explicar - como falharam os sistemas de segurança é a questão que intriga as autoridades. A Alemanha acordou com o trágico acidente ferroviário, num local de difícil acesso, a 60 quilómetros de Munique. Há dez mortos confirmados e mais de cem feridos, 18 dos quais em estado muito grave.
Eram cerca das 06.00 locais (07.00 em Lisboa) quando se deu o acidente na localidade Bad Aibling, na região da Baviera, cerca de 60 quilómetros a sudeste de Munique. A bordo dos dois comboios viajavam 150 pessoas, menos do que o habitual por ser dia de Carnaval. O diretor adjunto da polícia local, Robert Kopp, disse, numa conferência de imprensa, que foi "uma sorte" o menor número de passageiros já que "devido às férias escolares consideravelmente menos pessoas do que o normal estavam a bordo".
A violência da colisão deixou as primeiras composições dos comboios completamente destruídas. O choque aconteceu numa zona florestal, junto a um canal, sem estradas perto, o que dificultou muito os trabalhos de socorro que iriam continuar durante a noite. Havia ainda um desaparecido, à hora de fecho desta edição.
Para o local foram deslocados diversos meios de socorro, com 15 helicópteros e meios navais mobilizados para ajudarem bombeiros e serviços de emergência na retirada dos feridos. Mais de 500 pessoas participaram nos trabalhos de resgate, tendo o socorro chegado ao local cinco minutos depois de o alerta ter sido acionado.
O ministro dos Transportes alemão, Alexander Dobrindt, já revelou que as caixas negras (duas foram recuperadas) dos comboios serão provavelmente decisivas para apurar a causa do acidente. A grande interrogação das autoridades é perceber porque é que o sistema que previne estes choques não funcionou.
Curva condicionou travagem
Dobrindt explicou que a investigação irá incidir sobre o sistema de sinalização de cabina, equipamento que existia nos dois comboios. O chamado PZB90 destina-se a evitar as colisões, já que aciona um alarme quando duas composições estão na mesma linha. Foi introduzida em toda a rede ferroviária alemã após um acidente similar na Saxónia--Anhalt, em janeiro de 2011, que provocou dez mortes.
O local do acidente situa-se após uma curva na linha férrea, levando para já os investigadores do acidente a supor que os maquinistas "não tiveram contacto visual nem acionaram travões antes da colisão", adiantou o ministro.
Numa primeira reação, a chanceler alemã, Angela Merkel, declarou-se chocada com a tragédia. "Estou consternada e entristecida com o grave acidente desta manhã em Bad Aibling. Os meus pensamentos estão especialmente com as famílias das pessoas que perderam a vida, mas também com os muitos feridos", afirmou num comunicado.
Empresa quer averiguar causas
A chanceler agradeceu aos serviços de socorro "pelo trabalho incansável em condições difíceis" e disse-se confiante de que as autoridades vão desenvolver "todos os esforços para esclarecer as causas deste acidente".
Também a Comissão Europeia se manifestou, salientando a tristeza perante o trágico acidente ferroviário. Está disponível para prestar a assistência requerida. A Comissão sublinhou estar a acompanhar, juntamente com a Agência Ferroviária Europeia, o caso da colisão frontal entre os dois comboios. O grupo francês Transdev, empresa mãe da companhia Meridian, que é proprietária dos dois comboios que estiveram envolvidos no acidente, já manifestou o seu choque com o acidente e anunciou o desejo de ver explicadas as causas da tragédia.
Na Alemanha vivem milhares de portugueses, mas não há notícia de nenhum emigrante ou turista nacional estar envolvido no acidente. A Secretaria de Estado das Comunidades, contactada pela agência Lusa, disse não ter conhecimento de quaisquer cidadãos portugueses entre as vítimas.