Alemanha pressiona União Europeia para acelerar aprovação da vacina

Alemanha espera que vacina desenvolvida pelos laboratórios BioNTech e Pfizer seja aprovada antes do Natal
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O descontentamento cresce na Alemanha com os prazos adotados pelas autoridades europeias para aprovar a vacina contra a covid-19, que já começou a ser aplicada em vários países, num momento em que a Europa ainda vive um momento delicado na segunda vaga da pandemia.

"O nosso objetivo é a autorização antes do Natal" da vacina desenvolvida pelos laboratórios alemão BioNTech e americano Pfizer, "e que também possamos começar a vacinar aqui na Alemanha", afirmou esta segunda-feira o ministro da Saúde, Jens Spahn.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) estabeleceu um prazo até 29 de dezembro para decidir, mesmo depois de vários países terem aprovado o imunizante e iniciado as campanhas de vacinação.

Contudo, Spahn não escondeu a irritação no domingo numa publicação no Twitter. "Todos os dados da BioNTech estão disponíveis, o Reino Unido e os Estados Unidos já aprovaram. Uma análise dos dados e uma aprovação da EMA terão de acontecer o mais rápido possível", escreveu, antes de completar que desta decisão "depende a confiança na capacidade da União Europeia para atuar".

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As autoridades alemãs estão preparadas para iniciar a campanha de vacinação, que começará com os profissionais de saúde e a população de risco.

De acordo com o jornal Bild, o governo da chanceler Angela Merkel também está a pressionar, nos bastidores, a EMA e a União Europeia para acelerar o processo de autorização. Berlim deseja uma decisão até 23 de dezembro, e não 29.

A EMA, com sede na Holanda, delibera sobre as autorizações de diversas vacinas contra a covid-19. A agência foi alvo de um ciberataque na semana passada, durante o qual documentos relacionados a Pfizer e BioNTech foram hackeados.

A irritação da Alemanha é a ainda maior devido ao factos de a vacina ter sido desenvolvida por uma empresa nacional e de o país estar a sofrer com a segunda onda da pandemia, depois de ter superado relativamente bem a primeira onda, no primeiro semestre do ano.

"Não se pode conceber ter que esperar até janeiro para ter uma autorização de uma vacina concebida na Alemanha", afirmou uma fonte do partido liberal FDP, que integra a oposição.

Nas últimas 24 horas, a Alemanha registou 14 432 casos e 500 mortes, anunciou esta terça-feira o Instituto Robert Koch (RKI), responsável pelo balanço da pandemia no país. O número de infeções em apenas um dia alcançou o recorde de 30 mil pessoas na semana passada.

Perante a propagação da doença, o governo decidiu impor um confinamento parcial a partir de quarta-feira até 10 de janeiro.

A Associação Alemã de Hospitais (DKG) também está preocupada com o tempo que a EMA está a levar para validar a vacina, numa altura em que cresce o número de pacientes em cuidados intensivos.

"Pergunto-me se realmente teremos que esperar até 29 de dezembro para ter uma autorização da União Europeia", criticou o presidente da DKG, Gerald Gass. "A Europa deveria adotar um procedimento de urgência", sugeriu.

Em tese, a Alemanha teria a possibilidade de emitir uma autorização nacional da vacina, mas, como os demais países da UE, optou por o fazer através da EMA.

Perante o crescente descontentamento da população, o ministro da Saúde tentou tranquilizar os alemães ao anunciar que deseja vacinar 60% da população até setembro de 2021, o que segundo os especialistas seria suficiente para controlar a epidemia.

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