Se há coisa que a quarentena nos mostrou é que não é fácil conciliar o teletrabalho com o cuidar de crianças pequenas. Que o diga Clare Wenham, professora de saúde global na London School of Economics, que estava a ser entrevistada para a BBC, através de uma videochamada, quando a sua filha Scarlett apareceu e começou a falar com ela, mostrando o desenho que tinha feito de um unicórnio e intrometendo-se na conversa que até aí estava a ser séria..Imperturbável, o apresentador da BBC Christian Fraser conversou com a miúda, perguntou o nome dela e disse-lhe: "Scarlett, acho que o desenho fica melhor na prateleira de baixo ... e é um lindo unicórnio". Depois, Scarlett quis saber o nome dele e acabou por voltar às suas brincadeiras. "Foi a entrevista maus informativa que fiz hoje", concluiu ele, na brincadeira..Por coincidência, Wenham publicou há pouco tempo um artigo no British Medical Journal em que falava precisamente dos desafios da covid-19 para a conciliação entre trabalho e família. O teletrabalho - e as suas muitas reuniões online - deu aos empregadores uma noção maior de como é a "vida dupla" dos seus funcionários: "Esperamos que isso crie oportunidades para aumentar a flexibilidade laboral, reconhecer o equilíbrio que muitos fazem entre trabalho remunerado e não remunerado e reconhecer quem realiza esse trabalho em casa", escreveu..Os casos de crianças que interrompem as reuniões e entrevistas em vídeo dos pais tornaram-se mais comuns durante a pandemia mas não são novidade. Toda a gente se lembra de como, em 2017, a filha do professor Robert Kelly interrompeu a sua entrevista também à BBC, e de como a mãe depois tentou tirar a criança do quarto - tudo isto enquanto o professor continuava a comentar a situação política da Coreia do Sul em direto para a televisão.