Multipessoal cria cargo para gerir e promover a inclusão de pessoas

Responsável diz que as empresas portuguesas começam a ter uma maior abertura para o tema, embora ainda não exista uma implementação significativa. O progresso nesta área deve-se às gerações mais novas, sustenta.
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Até há pouco tempo era "apenas" a responsável financeira da Multipessoal, mas agora acumula o cargo com as funções de chief diversity officer (CDO), ou seja, dirige a área de recrutamento e retenção de talentos e zela pela diversidade e inclusão laboral.

Além de controlar o dinheiro da organização dedicada aos recursos humanos, Margarida Brás tem a missão de garantir que todos os processos da Multipessoal estão alinhados com uma cultura inclusiva, tanto para candidatos, comopara colaboradores e clientes. "Este cargo presume que eu seja o elemento líder de uma cultura cada vez mais inclusiva", diz ao Dinheiro Vivo.

Ou seja, garante que todos os processos de trabalho estão alinhados com essa mesma cultura. "Além disso, tenho a responsabilidade de desenvolver com as nossas pessoas, sendo hoje cerca de 200, todas as iniciativas que sejam alavancadas desta missão". Margarida Brás sabe que esta é uma área onde ainda existem muitos obstáculos.

E o primeiro grande desafio é credibilizar o conceito de inclusão, que muitas vezes é reduzido à aplicação de quotas nas organizações. "Acredito que esse preconceito prejudica a credibilidade do conceito em si", afirma. "No que diz respeito ao enquadramento externo, o maior dos desafios parece ser a aparente desinformação e falta de orientação que existe", lamenta, dizendo que, embora existam várias iniciativas nesta área, "falta uma conexão e colaboração, adequadas entre elas.

Isto dificulta o progresso e a efetividade das ações inclusivas no cenário geral". Remetendo para a empresa onde trabalha, a gestora afirma que a Multipessoal tem de garantir que cada um dos 10 mil colaboradores diariamente colocados em clientes externos são o centro das atenções. "Somos o seu suporte, estamos prontos para os auxiliar e promovemos a inovação em tudo o que fazemos", garante.

No que ao panorama nacional diz respeito, Margarida Brás acredita que existe algum progresso relativamente à inclusão, muito por causa das gerações mais novas que "trazem uma maior consciência das questões sociais para dentro das organizações".

Do lado das empresas também começa a existir uma maior abertura para a necessidade de se transformarem e para se manterem competitivas na atração de talento. "A inclusividade tornou-se uma parte fundamental dessa transformação", diz, reconhecendo também que, "embora esses princípios sejam promissores, não têm sido suficientemente implementados e que o tempo se mostra inimigo da urgência que existe".

Como chief diversity officer, Margarida Brás acredita que as organizações devem preparar-se para perceber o tema da inclusão como "normal". E isso passa, não só, por ajudar as equipas a "aculturarem-se", mas também "pela criação de condições para que existam postos de trabalho adequados, não devendo o foco ser a procura ativa de recursos". Para a responsável, a evolução do "emprego inclusivo só será significativa se as empresas criarem quotas para os postos de trabalho adaptados, ao invés da criarem quotas para a alocação de pessoas".

Para alcançar essas metas é forçoso que as próprias empresas façam da inclusão uma prioridade, criando grupos de trabalho com objetivos e missão específicos e envolvendo as lideranças, sustenta.

Quando estas pessoas já estiverem nas empresas, é ainda necessário que sejam acompanhadas, garantindo que a inclusão é́o normal e não a exceção. "Depende de nós garantir que esta evolução é́ um trabalho contínuo e evolutivo das nossas pessoas".

Pelo seu lado, a Multipessoal apresenta diversas soluções para auxiliar as empresas a tomarem decisões de contratação mais inclusivas, explica Margarida Brás. Assim, a companhia "adota metodologias de recrutamento e seleção que garantem a imparcialidade, avaliando todas as candidaturas com base no mérito e competências das pessoas, sem qualquer forma de discriminação".

Nesta senda, a Multipessoal procura atrair talentos de diferentes origens, culturas, etnias e géneros. Diz a CDO que o que a empresa faz, na prática, é ajudar a promover o espírito de inclusividade nas organizações parceiras e na comunidade. "Acreditamos que, ao promover a equidade nos processos de recrutamento, seleção e contratação, bem como em todas as condições relacionadas com o emprego, estamos a contribuir para uma sociedade mais justa e diversificada".

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