Os portugueses demonstram especial preferência por itinerários mais perto de casa. As viagens com partida e chegada de Lisboa “têm sido um sucesso”. Foto: Jorge Amaral/Global Imagens
Os portugueses demonstram especial preferência por itinerários mais perto de casa. As viagens com partida e chegada de Lisboa “têm sido um sucesso”. Foto: Jorge Amaral/Global Imagens

MSC lança ao mar mais cinco navios até 2027 e reforça frota do segmento luxo

As viagens de cruzeiros estão a captar cada vez mais passageiros e novos perfis de clientes, deixando para trás a crise pandémica. A terceira maior companhia do mundo, que transportou mais de quatro milhões de turistas em 2023, está a reforçar rotas a partir de Portugal.
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Estatísticas recentes revelam que cerca de 75% das pessoas que nunca fizeram um cruzeiro estão interessadas em fazer e 80% dos que já tiveram essa experiência manifestam vontade de repetir, diz Eduardo Cabrita, diretor-geral da MSC Cruzeiros em Portugal. Projeções que anteveem que “o futuro da indústria dos cruzeiros é brilhante”, conclui. Neste quadro de procura, a divisão de cruzeiros do grupo MSC está apostada em reforçar as frotas da marca-mãe (a MSC) e também da Explora Journeys, insígnia de viagens marítimas de luxo lançada em 2023. No total, o grupo prevê ter a navegar cinco novos navios até 2027.     

Esta primavera, a companhia com sede na Suíça deu início à construção do MSC World Asia nos estaleiros franceses de Chantiers de l’Atlantique, onde está a ser finalizado o MSC World America. Este último navio tem agendada a sua nomeação (como se designa neste setor os batismos) para abril de 2025. São dois investimentos para reforçar a classe “World”, que já tem uma embarcação em operação, desde 2022, o MSC World Europa.

Os navios da classe “World” são os mais próximos do conceito de turismo de resort, neste caso flutuante, com os seus 22 decks, mais de 2600 camarotes e suítes, e uma área superior a 40 mil metros quadrados de espaço público. Dispõem também do exclusivo conceito “navio dentro de um navio”, o Yacht Club, para quem prima por uma experiência mais distinta e privada. Na agenda da MSC está ainda previsto o lançamento de mais um navio até 2027. Apesar de solicitado, a companhia não divulgou os valores de investimento. Neste momento, a MSC Cruzeiros conta com uma frota de 22 cruzeiros, que garantem uma oferta de 340 itinerários entre 100 países dos cinco continentes, realça Eduardo Cabrita.

Já para a marca de luxo Explora Journeys, o grupo MSC tem um orçamento de 3500 milhões de euros para constituir uma frota de seis navios até 2028. Nos mares, estão já a operar duas embarcações, estando prevista a inauguração do Explora III em 2026 e, no ano seguinte, do Explora IV. O terceiro navio deste segmento será movido a LNG (gás natural liquefeito), numa aposta da marca na descarbonização das suas operações marítimas, segundo divulgou recentemente. O objetivo é facilitar uma transição direta para o bio-LNG e o LNG sintético, que oferecem o potencial de reduzir as emissões de gases de efeito de estufa em mais de 80%. Este inverno, os cruzeiros Explora estão a cruzar os mares das Caraíbas e no verão estarão a navegar no Mediterrâneo Ocidental.

Crise ultrapassada

Estes investimentos da terceira maior companhia do mundo da indústria de cruzeiros traduzem confiança num setor que foi particularmente afetado pela crise sanitária da covid-19. Em 2023, os 22 navios da MSC Cruzeiros receberam 4,1 milhões de passageiros e este ano estão a registar “um crescimento expressivo” no número de turistas, diz Eduardo Cabrita. Este desempenho “reflete a recuperação acelerada do setor após a pandemia e a efetividade das nossas estratégias comerciais”, sublinha. Norte-americanos, britânicos, franceses, italianos, espanhóis e alemães são as nacionalidades que mais procuram experiências de lazer a bordo da MSC Cruzeiros. O gestor destaca ainda que, tanto este ano como em 2023, “não houve a entrada em operação de novos navios na nossa frota, o que evidencia a otimização da capacidade instalada e a crescente procura pelos nossos cruzeiros e serviços”. 

A crise pandémica trouxe também alterações ao nível comercial, com as vendas diretas a apresentaram um crescimento, impulsionado pela crescente digitalização e pela busca por experiências mais personalizadas, revela ainda.

Em Portugal, a tendência de crescimento do turismo de cruzeiros também se faz notar. Este ano, Eduardo Cabrita estima que a MSC transporte cerca de 53 mil passageiros portugueses, número que corresponde a cerca de 65% da quota de mercado a nível nacional e a um ligeiro aumento face a 2023. Segundo realça o responsável, observa-se “um crescimento significativo” do negócio em Portugal, quando comparado com 2019 (ano anterior à pandemia). A procura nacional, desde final de 2022, foi alavancada “apenas com a entrada de um novo navio na nossa frota”, destaca ainda.

Este inverno, a MSC Cruzeiros decidiu abrir uma nova rota a partir de Portugal. Com embarque e desembarque no Funchal, o MSC Opera está a percorrer as várias ilhas das Canárias, Espanha. Esta viagem, que permite itinerários a partir das seis noites, está a decorrer até 20 de março de 2025. O navio, com capacidade para 2658 passageiros, vai realizar um total de 19 cruzeiros, o maior dos quais parte do porto da ilha da Madeira rumo às Canárias, para depois se dirigir até ao Mediterrâneo com destino a Veneza, Itália.

Aposta na Madeira

Esta nova aposta, que se irá repetir no inverno de 2025, resultou do estudo das tendências de mercado e dos desejos dos clientes, que “revelaram um potencial significativo para este novo destino”. “A Madeira, com a sua beleza natural, clima ameno e infraestruturas turísticas cada vez mais desenvolvidas, apresenta-se como um ponto de partida ideal para cruzeiros, atraindo tanto turistas nacionais como internacionais”, sublinha Eduardo Cabrita. A rota tem registado “uma forte adesão” dos portugueses, diz.

Para o próximo ano, o grupo criou uma oferta também de 19 itinerários, com embarque e desembarque em Lisboa, a partir do final de abril e até novembro de 2025. Neste cruzeiro, a aposta é o Mediterrâneo, haverá passagens por Génova (Itália), Marselha (França), Málaga, Cádis, Alicante, Mahón (Espanha) e Olbia (Itália). O navio será o MSC Musica, que tem uma capacidade de 3223 passageiros. No inverno de 2025, estará a operar a rota Funchal-Canárias, num total de 21 itinerários. Em ambos os percursos, a MSC apostou no lançamento de dois mini-cruzeiros.

Segundo Eduardo Cabrita, os portugueses demonstram especial preferência por itinerários mais perto de casa. Por isso, as viagens marítimas da MSC com embarque e desembarque em Lisboa “têm sido um sucesso ao longo dos anos e os cruzeiros com embarque e desembarque no Funchal têm tido até agora bons resultados, apesar de ser ainda cedo para se tirar grandes conclusões”, frisa Eduardo Cabrita. As rotas no Mediterrâneo também não escapam ao interesse nacional, com os portos espanhóis ou italianos a serem muito escolhidos pelos turistas nacionais para partidas e chegadas. Segundo o responsável, nos últimos anos, também se verifica “um crescimento acentuado da procura por regiões como o Norte da Europa e as Caraíbas, que têm vindo a representar uma fatia cada vez maior nas nossas vendas”.

Eduardo Cabrita destaca ainda que o perfil dos passageiros é cada vez mais variado, face ao que acontecia há uns anos. “A ideia de que os cruzeiros se destinam unicamente a pessoas mais velhas está cada vez mais mitigada”, diz. Atenta a esse fenómeno, a MSC tem adaptado e alargado a sua oferta para abarcar um público de diferentes faixas etárias, acrescenta.

A jornalista viajou a convite da MSC Cruzeiros

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