Seixal vai ter app criada por alunos de escola pioneira de tecnologia

Aplicação Seixal Virtual vai estar disponível este verão e pretende mostrar pontos de interesse do concelho escolhidos pelos jovens do 10.º ano que estão no curso criado pela câmara.

Um teclado musical virtual, uma estufa inteligente para apartamentos, um para-brisas para carros, uma cadeira gaming inteligente são alguns dos projetos que os alunos do Seixal Criativo estão a desenvolver, mas a grande primeira aposta é a criação de uma aplicação que irá mostrar pontos de interesse do concelho e que poderá começar a ser utilizada este verão.

O Seixal Criativo, uma escola pioneira criada pelo município, começou a funcionar no início de abril com 80 alunos do 10.º ano de estabelecimentos de ensino do concelho. O objetivo da autarquia e dos mentores do projeto - António Câmara e Edmundo Nobre, professores da Universidade Nova de Lisboa e especialistas em realidade virtual e novas tecnologias - é proporcionar, em horário pós-escolar e de forma gratuita, formação em áreas como robótica, inteligência artificial, tecnologia, programação, modelos 3D, Web3 e prototipagem.

"Neste projeto pioneiro em Portugal, a Câmara Municipal do Seixal pretende permitir aos nossos jovens uma maior capacitação para a criação de projetos inovadores. Além de possibilitar uma melhor formação dos jovens do concelho, este projeto oferece um mundo de possibilidades que vão marcar o concelho do Seixal nas áreas da tecnologia e da ciência", refere o presidente da Câmara do Seixal, Paulo Silva.

Agora, mês e meio depois, foi tempo de apresentar as primeiras ideias destes 80 alunos, que estão divididos em grupos de trabalho de cinco pessoas. "Há um teclado virtual onde a pessoa vai poder, usando óculos de realidade aumentada, interagir com o teclado que é projetado virtualmente no espaço e que permite depois treinar o desenvolvimento das capacidades musicais do utilizador. Temos também uma estufa pensada na perspetiva de como incluir todo um conjunto de tecnologias não só sensoriais, mas também usando inteligência artificial, e criando interfaces de comunicação com o utilizador na perspetiva de fazer estufas caseiras para ambientes urbanos", explica ao DN Edmundo Nobre.

Estes são dois exemplos do programa Seixal Mundo desta escola pioneira, "cuja ideia é que os alunos desenvolvam os seus projetos e, quem sabe, um dia possam vir a ser produtos e empresas da futura incubadora do Seixal e possam ir para o mundo", refere o mentor do projeto. "Neste primeiro ano, que termina em setembro, o objetivo é fazer um protótipo, e no próximo ano o objetivo é passar do protótipo inicial para um mais evoluído, que já seja passível de ser apresentado, por exemplo, a potenciais fontes financiadoras, que possam levar os alunos a poderem concorrer a aceleradoras", adianta.

A outra vertente é o Meta Seixal, projetos que são desenvolvidos em prol da comunidade do concelho, e cujo primeiro fruto é o Seixal Virtual. "Este é um projeto coletivo em que a ideia é que os alunos de uma forma coletiva possam criar tags virtuais espalhadas pelo Seixal e que vão poder ser visualizadas em realidade aumentada por qualquer pessoa que faça o download da app. Estas tags vão permitir que eles apliquem parte dos conhecimentos que têm estado a adquirir - desde a construção de vídeos 360º de cada local, fotografias, storytelling, etc. - povoando o concelho com as tags que criaram sobre pontos de interesse do concelho", revela o professor da Universidade Nova, acrescentando que "esperam que este verão, no limite em setembro, haja condições para disponibilizar a app ao público".

À espera de mais alunos

Para Edmundo Nobre, o primeiro balanço que faz deste projeto pioneiro "é bastante positivo", revelando que a turma de 80 alunos do 10.º ano é composta em nível quase igual por rapazes e raparigas oriundos de áreas de estudo, na sua maioria, tecnológicas, mas também de humanísticas, design, etc. E diz acreditar que muitos vão querer transitar para o segundo ano do Seixal Criativo.

"Enquanto que no ensino tradicional ter uma boa nota num teste, se calhar, é a principal recompensa que um aluno pode ter, nesta forma de ensino a principal recompensa é eles conseguirem ver materializada uma ideia que tiveram, e esse é talvez o principal elemento motivador. E se conseguirmos chegar a setembro e todos eles tiverem conseguido um protótipo demonstrador, não tenho dúvidas que vão querer continuar", garante o mentor do projeto.

Quem transitar para o segundo ano vai ter "um conjunto de módulos formativos diferentes dos que foram dados no primeiro ano e que têm a ver, por exemplo, com a proteção da propriedade intelectual, marketing e comunicação. Ou seja, mais na perspetiva de lhes ensinar que, depois de terem feito um protótipo, têm de começar a evoluir no sentido de como é que se comunica o projeto, como é que protegem o projeto, como é que financiam o projeto".

Quanto à captação de novos alunos para iniciarem um novo ciclo de ensino, Edmundo Nobre confessa que já tiveram uma ação de divulgação, mas que, pela sua parte ainda não pensou numa estratégia. No entanto, diz contar com uma arma de divulgação poderosa: o passa-palavra. "Já depois do projeto ter começado houve alunos que perguntaram se podiam participar pois outros jovens tinham falado nisto. Mas para além deste passar de boca a boca, sem dúvida que iremos fazer algumas ações de divulgação junto das escolas do concelho, como fizemos no ano passado, e imagino que, se este ano tivemos 80 alunos, consigamos agora um número maior".

ana.meireles@dn.pt

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG