Palácio Biester. O misticismo de Sintra abre portas ao público

Depois de recuperado, o Palácio Biester pode agora ser visitado por todos. O <em>chalet</em> promete deliciar os fãs da arquitetura romântica e surpreender com um parque natural e paisagens únicas sobre o Castelo dos Mouros e a Quinta da Regaleira.
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Escondido por entre os caminhos íngremes e a vegetação sintrense, o Palácio Biester vai abrir para exposição pela primeira vez para que o mundo possa conhecer aquele a que já chamam "o novo tesouro de Sintra".

Este palácio histórico foi restaurado e conservado - mantendo a arquitetura, a decoração e as obras de arte que nele habitam - e a partir deste sábado as salas que durante tanto tempo estiveram vazias vão, finalmente, poder ser visitadas.

Construído na última década do século XIX, o edifício "onde tudo foi pensado para ser apreciado" é um exemplo da arquitetura romântica portuguesa da época. O Palácio, com influências neogótica, inglesa e alpina, foi originalmente residência da família Biester, que o encomendou ao renomado arquiteto José Luiz Monteiro, em 1880, e fez dele "um símbolo intemporal de Sintra", lê-se no comunicado de imprensa sobre a abertura do espaço ao público.

No Biester observam-se trabalhos de vários "artistas que deixaram uma marca indelével na essência vanguardista e eclética do Palácio" e que "dão a conhecer a vida doméstica da família que o habitou", entre eles o entalhador português Leandro de Souza Braga. Neste chalet, a galeria de entrada, a biblioteca, a sala de estar e o salão de festas mostram também pinturas do italiano Luigi Manini e duas grandes lareiras com azulejos de Raphael Bordallo Pinheiro.

Para além dos terraços com vistas únicas sobre a cidade, no primeiro andar do palácio, a capela neogótica é a principal divisão de destaque. Esta sala, marcada pelas cores fortes dos vitrais, distingue pinturas do francês Paul Baudry no teto e é fortemente ligada à herança deixada pela Ordem dos Templários em Sintra.

Ainda dentro do tema da espiritualidade, no piso inferior do Biester existe uma divisão que surpreende por estar dentro de um edifício tão luxuoso: a Câmara Iniciática. Este pequeno canto totalmente construído de pedra e inspirado nos santuários da antiga cidade de Jerusalém - que inspiravam à modéstia - contrasta com a riqueza da capela templária.

Já no exterior, há um grande caminho a percorrer na natureza de Sintra entre estufas, lagos, cascatas, uma casa de chá, um miradouro e a Gruta da Pena. A beleza do palácio "estende-se de dentro para fora", com um parque natural que complementa a arquitetura do local, "no coração da natureza sintrense".

O Parque Biester, com assinatura do paisagista François Nogré, é organizado em declive e conta com diferentes patamares que oferecem paisagens privilegiadas para o Castelo dos Mouros, a Quinta da Regaleira e a cidade de Sintra, tendo sempre como pano de fundo o palácio. O parque conta ainda com uma grande variedade de espécies exóticas: "Cameleiras originárias da China e do Japão, Faias verdes e vermelhas da Europa Central, Acácias da Austrália e Abetos norte-americanos".

De Sintra a Hollywood, a riqueza do palácio não fica indiferente a ninguém. O chalet já foi estrela em 1999, ao ser escolhido pelo diretor Roman Polanski para filmar algumas cenas do Thriller A Nona Porta, protagonizado por Johnny Depp, Lena Olin e Frank Langella.

"A arte oferece-nos a única possibilidade de realizar o mais legítimo desejo da vida, que é não ser apagada de todo pela morte". É com esta frase de Eça de Queirós que Abílio Lobato dos Santos, administrador do chalet, relembra a importância do Palácio para o Património Cultural de Portugal, na sua primeira apresentação ao público. O administrador considera que a sua missão "não poderia ser outra" senão "dar a conhecer este palácio edificado por pessoas e pensado para pessoas, a quem por ele se interessa". "Embora edificado como residência pessoal, o Biester foi pensado como um espaço para receber e para exibir. Tudo foi feito para o olho e para a sensibilidade humana. Manter este espaço inacessível ao público seria, na minha visão, privá-lo de um dos mais belos imóveis do património sintrense", revela.

Agora aberto ao público, todos os dias da semana (das 10.00 às 20.00, horário de verão), os bilhetes para visitar o Palácio Biester, na Estrada da Pena, variam entre os 11 euros para adultos e seis euros para crianças e séniores.

Atualizado a 15/03/2023 com novo preçário do Palácio Biester.

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