Mapa Lisboa Lixo Zero, o roteiro que mostra uma cidade mais sustentável

A associação Zero Waste Lab quer que Lisboa seja uma cidade mais sustentável e com menos lixo. Para isso precisa da ajuda dos lisboetas para que seja criado um roteiro alternativo de soluções para as necessidades diárias de quem vive na capital.
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Foi a pensar em arranjar soluções para contornar o consumismo, a despesa e o desperdício, mas também apelar ao espírito de comunidade, que a associação sem fins lucrativos Zero Waste Lab decidiu criar o Mapa Lisboa Lixo Zero. Trata-se de um roteiro com alternativas sustentáveis para as necessidades dos lisboetas, que vão desde lojas em segunda mão, cicloficinas, hortas, recursos de partilha, entre outros. O projeto começou na segunda quinzena de dezembro concentrado em quatro zonas de Lisboa - Ajuda, Marvila, Lumiar e centro da cidade - mas entretanto já se abriu a toda a capital.

"As pessoas podem aceder ao mapa e têm várias categorias que podem escolher - lojas em segunda mão ou lojas de reparação, por exemplo - e aparece no mapa as bolinhas de todas as infraestruturas, que podem ser lojas, locais de partilha, hortas ou compostores. Escolhe-se a categoria, a zona e depois aparece onde é que podem ser encontradas essas infraestruturas", explica Sara Morais Pinto, da Zero Waste Lab, ao DN.

"Por exemplo, eu moro na Ajuda, tenho uma bicicleta e quero saber onde posso repará-la: vou ao mapa e escolho oficinas. De sublinhar que o mapa responde a uma série de critérios éticos e de valor que consideramos importantes para tornar a cidade mais sustentável. A questão da mobilidade é importante e, no fundo, o mapa serve para ligar as infraestruturas locais aos cidadãos", explica Sara Morais Pinto, acrescentando que, por exemplo, quando se procura a categoria de hortas, o mapa mostra "onde é que estão localizadas, como se pode comunicar com os hortelões e como comprar os produtos".

Qualquer pessoa pode participar no desenvolvimento do mapa, bastando para isso preencher o formulário de submissão que está disponível no site e dar a conhecer mais um local sustentável onde se podem fazer compras ou outras atividades. Neste momento, já existem quase uma centena de infraestruturas inscritas. "Este projeto precisa imenso de ajuda, pois sempre que há uma divulgação há um pico de sinalizações. E, principalmente, as pessoas que têm os negócios ou estruturas, podem ir ao mapa e, se não estiveram lá, podem enviar a sua identificação. A cidade tem imensas coisas dispersas e o nosso esforço é o de compilar aqui todos os eixos que achamos importantes, que refletem o bem-estar das comunidades e a sustentabilidade", defende a responsável da Zero Waste Lab.

Este mapa é um dos resultados do projeto MIC - Movimento de Impacto em Cadeia, financiado pelo programa BipZip da Câmara Municipal de Lisboa, e no qual a Zero Waste Lab começou a trabalhar em outubro de 2020. "Nós quisemos dotar organizações e pessoas de vários bairros de Lisboa para se poderem envolver nas respostas de lixo zero e desmistificar que este movimento não é só para alguns, não é mais caro, e está ao alcance de toda a gente. Portanto, o que nós fizemos foi ouvir as pessoas dos bairros da Ajuda, Marvila, Lumiar e do centro da cidade, fizemos workshops de do it yourself [faça você mesmo], para as pessoas produzirem sabonetes e champôs. Na prática, para fazerem modelos alternativos de aproveitamento e reaproveitamento daquilo que se tem, de produção dos seus próprios produtos, em muitos casos em alternativa a embalagens compradas nas grandes superfícies", refere Sara Morais Pinto.

Outro dos projetos desenvolvidos neste âmbito é o Escolas Lixo Zero, que já está a funcionar junto da Escola Básica Maria Barroso, em Lisboa. Paralelamente, existe já um contacto com a Câmara Municipal para alargar o programa a outras escolas básicas. "Em 2020, instalámos lá uma sala de experimentação de vários materiais, para ser explicado o processo de reciclagem: como podemos reutilizar materiais e como podemos reduzir o plástico, em particular, mas também outros resíduos da escola. Essa sala, chamada de Laboratório Lixo Zero, ainda está montada. Ali fizemos atividades nas salas de aula, dividas em três ações seguidas, de forma a que a informação fosse levada pelas crianças para o resto da vida. Depois veio a pandemia e tivemos que colocar todos os nossos conteúdos online", lembra a responsável da Zero Waste Lab, referindo que também tem sido dada formação aos professores nesta área.

Este mês de janeiro marca o regresso daquilo que Sara Morais Pinto chama de versão 2.0 de um projeto de sucesso iniciado em 2021, em Lisboa, pela Zero Waste Lab: a Escola a Compostar. "Queremos levar a compostagem todo o lado, explicar como se faz num apartamento, e também como são possíveis as hortas em apartamento. A adesão foi espetacular, nós sabíamos que era uma necessidade, só não sabíamos que havia tantos interessados. Proporcionámos cinco sessões de formação em vários tipos de compostagem", explica Sara Morais Pinto, recordando que, na primeira edição, realizada em três dias, teve mais de mil inscritos. "Claro que não pudemos receber todos", lamenta.

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