Lisboa. Piscinas municipais em risco devido ao aumento dos preços da energia
Entidades gestoras mostram preocupação face ao escalar dos custos de manutenção, nomeadamente devido ao aumento da água, gás e eletricidade. Piscina do Vale Fundão, em Marvila, é o caso mais complicado. Câmara diz querer "manter" equipamentos a funcionar.
Há freguesias de Lisboa que correm o risco de ver as piscinas municipais fechar portas. Tudo porque os aumentos no custo do gás, eletricidade e água podem superar a capacidade financeira das entidades que exploram esses equipamentos.
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A primeira denúncia surgiu no mês passado quando, em comunicado, o Clube Oriental de Lisboa anunciou que a Junta de Freguesia de Marvila tinha colocado a hipótese de encerramento em cima da mesa, devido ao custo total de 40 mil euros mensais na manutenção, um valor que o clube diz não poder suportar.
Questionada pelo DN, a direção do Oriental confirmou a possibilidade do fecho da piscina do Vale Fundão que, segundo o emblema de Marvila, apesar do prejuízo registado nos últimos anos, é palco para "várias modalidades, como o polo aquático ou o triatlo". Nesse sentido, remeteu esclarecimentos para o comunicado publicado no site oficial do clube, frisando que "este cenário é meramente hipotético", aguardando "desenvolvimentos" depois de ter comunicado a situação à autarquia, que já encetou contactos com a junta freguesia para conceder apoios financeiros "que viabilizem a continuação da atividade na piscina, a partir de setembro de 2022". Na sequência do comunicado, o DN contactou a Junta de Freguesia de Marvila, não obtendo qualquer resposta.
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Por sua vez, a Câmara Municipal de Lisboa confirmou as preocupações levantadas pelas entidades gestoras das piscinas. Reforçando que tem mantido contactos de modo a "manter as piscinas abertas ao público", até porque o executivo municipal considera que as piscinas são equipamentos "fundamentais". E a possibilidade de suportar os custos não está, de todo, posta de parte. Segundo a autarquia, este é "um tema a ponderar no futuro com as juntas de freguesias, enquanto entidades gestoras das piscinas", explicou ao DN em resposta por escrito.
Além da situação em Marvila, há também preocupações na Junta de Freguesia de Alcântara, relacionadas com a piscina do Alvito. Apesar do receio partilhado, a situação é diferente. Ao DN, o presidente da freguesia de Alcântara explicou que, "no caso, o protocolo de exploração do equipamento foi prolongado recentemente e ainda não refletia essas preocupações". "Foi feito o aviso e exposto esse receio [do eventual aumento dos custos], porque as piscinas são equipamentos utilizados por muita gente e é necessário que seja feito esse esforço", argumentou Davide Amado, referindo ainda que "a Câmara de Lisboa diz que está ciente dos problemas e procura manter as piscinas abertas", possibilidade que foi confirmada pela autarquia.
Ao DN, fonte do executivo municipal explicou que este é, efetivamente, o plano, "independentemente da entidade gestora". Poderá isto significar conceder a gestão a uma empresa privada, com fins comerciais, nestes equipamentos? De acordo com as respostas prestadas pela autarquia, a estratégia não passa por aí. "Não está prevista qualquer privatização das piscinas a empresas comerciais", garantiu a Câmara Municipal de Lisboa ao DN.
Ainda de acordo com Davide Amado, líder da freguesia de Alcântara, "a Câmara Municipal está a fazer tudo para garantir que o funcionamento da piscina se mantenha", revelando que o executivo lisboeta espera "um desfecho positivo, tendo em conta o número considerável de utilizadores da piscina do Alvito", que considerou ser "importante" para um grande número de fregueses, e onde, à semelhança do que acontece a alguns quilómetros dali, no Vale Fundão, existem diversas modalidades a serem praticadas, além da utilização por parte da população.
Oriental alega custo de 40 mil euros
O eventual fecho de piscinas municipais na capital foi denunciado pelo Clube Oriental de Lisboa, em comunicado publicado no site. O clube, cuja equipa de futebol milita no campeonato distrital da Associação de Futebol de Lisboa, alega que, face ao aumento dos custos de manutenção, a Junta de Freguesia de Marvila só comparticiparia estas despesas até final do mês de julho, sendo incerto que continue a funcionar para lá do mês de setembro. O valor ascende a 40 mil euros e, lê-se no comunicado, "o Clube Oriental de Lisboa, não possui capacidade financeira, para suportar este encargo mensal". Em comunicado, a direção do clube explica que já encetou contactos com as entidades competentes, nomeadamente a Câmara Municipal de Lisboa e a Junta de Freguesia de Marvila. Em 2021, a Piscina do Vale Fundão recebeu a Taça do Mundo de Triatlo, que reuniu 145 atletas (entre homens e mulheres) de vários países.
rui.godinho@dn.pt
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