Convento dos Capuchos volta a ser cultivado ao fim de 400 anos

O projeto arranca no sábado com quatro hortas biológicas, mas está previsto que seja alargado a 25, e decorrerá nos mesmos terrenos de cultivo utilizados pelos frades franciscanos.

Ana Meireles
Para já o Convento dos Capuchos vai ter apenas quatro hortas, mas no futuro serão 25.© PSML/José Marques Silva

Após 400 anos, a terra vai voltar a ser cultivada no Convento dos Capuchos graças a um projeto lançado pela Parques de Sintra para a criação de hortas biológicas nos mesmos terrenos utilizados pelos frades franciscanos que habitaram aquele local durante quase 300 anos. No sábado, vão ser inauguradas as primeiras quatro hortas, mas está previsto que venham a ser 25.

Este projeto teve início em janeiro, quando foi lançado o concurso para a atribuição das primeiras quatro hortas biológicas e que contou com 50 inscrições. Os candidatos estavam obrigados a cumprir alguns critérios, como serem maiores de idade e morarem no concelho de Sintra. Contudo, nos critérios de seleção pesavam também fatores como o de não possuir horta própria e a proximidade entre o local de residência e o Convento dos Capuchos.

Para já o Convento dos Capuchos vai ter apenas quatro hortas, mas no futuro serão 25.© PSML/José Marques Silva

O objetivo desta iniciativa é "recriar o ambiente das hortas do Convento dos Capuchos, de acordo com os registos históricos, promover o modo de produção biológico, a produção integrada e a recriação do uso de práticas agrícolas tradicionais, potenciar a utilização da compostagem como forma de gestão de resíduos", entre outros, conforme pode ler-se no regulamento do projeto Horta do Convento. Cada uma das parcelas tem cerca de 30 metros quadrados.

Para garantir que os novos hortelãos dispõem dos conhecimentos de que necessitam para cultivarem as suas hortas biológicas, de acordo com os objetivos propostos, a Parques de Sintra vai promover um workshop gratuito nos próximos dois fins de semana, que será aberto aos vencedores do concurso, acompanhantes e alguns suplentes na lista de candidatos. Será a oportunidade de receber alguma formação em temas como agricultura biológica, preparação dos solos, adubos, compostos e substratos, plantações e sementeiras, e ainda pragas e doenças. Serão igualmente auxiliados na elaboração de um plano anual para a sua horta, conciliando os seus hábitos alimentares com o conjunto de espécies que poderão ser cultivadas.

© PSML/José Marques Silva

"O Convento dos Capuchos que, ao longo dos séculos, manteve sempre uma ligação profunda à comunidade, volta, desta forma, a fazer parte do quotidiano dos sintrenses que, através deste projeto, darão uma nova vida ao espaço, cultivando a terra e usufruindo do melhor que a Serra de Sintra tem para oferecer", refere a empresa pública que gere, além deste monumento, espaços como o Parque e Palácio Nacional da Pena, os Palácios Nacionais de Sintra e de Queluz, o Castelo dos Mouros, os Palácio e Jardins de Monserrate, e a Escola Portuguesa de Arte Equestre.

Retidas mais de 220 mil toneladas de carbono

A Parques de Sintra revelou ainda, no âmbito do Dia Internacional das Florestas, que os cerca de 970 hectares de áreas florestais sob a sua gestão retêm mais de 220 mil toneladas de carbono, impedindo a sua circulação na atmosfera.

"O armazenamento das mais de 220 mil toneladas de carbono contribui para a purificação do ar, promovendo a saúde e a melhoria da qualidade de vida. Repercute-se, igualmente, na conservação do capital natural e na promoção da biodiversidade, que são fundamentais para aumentar a resiliência do território face aos efeitos das alterações climáticas", sublinha a empresa, acrescentando que "mantém uma gestão florestal sustentável baseada no controlo de espécies invasoras, reflorestação com espécies autóctones e controlo regular de combustível florestal".

As áreas que mais contribuem para a conservação de reservas de carbono nas florestas sob gestão da Parques de Sintra são as que já estão consolidadas no que respeita ao controlo de invasoras e plantação de espécies nativas, nomeadamente, a Tapada de Monserrate, a Tapada do Saldanha e a Tapada do Mouco.

Segundo esta empresa pública, "com a continuidade das ações de gestão florestal aplicadas a toda a área florestal ao cuidado da Parques de Sintra, espera-se um crescimento gradual da contribuição de todas as unidades de gestão para a conservação das reservas de carbono, com impacto positivo no equilíbrio ambiental de toda a Paisagem Cultural de Sintra".

ana.meireles@dn.pt