As obras de requalificação da Ponte da Arrábida, que une as cidades do Porto e Gaia, ainda não têm data para o arranque. A Infraestruturas de Portugal (IP), empresa pública responsável pela gestão da travessia rodoviária, adiantou ao DN que prevê que o “início da empreitada ocorra ainda no primeiro semestre de 2025”. Quando, em abril do ano passado, lançou o concurso público, a IP estimava iniciar a intervenção no início deste ano.Confrontada com este atraso, a empresa liderada por Miguel Cruz sublinhou que “mantém a intenção de iniciar a empreitada nos primeiros meses do ano, conforme previsto no caderno de encargos”. A IP adiantou ainda estar “a envidar todos os esforços para que o seu início ocorra o mais rapidamente possível, cumpridos os requisitos legais e regulamentares aplicáveis”. Este adiamento não põe em causa a segurança dos utilizadores, garantiu.Como disse, a Ponte da Arrábida “é monitorizada e objeto de inspeções periódicas e sistemáticas”, de forma a conhecer as necessidades de intervenção e programar as ações de conservação, reparação ou reabilitação para garantir “níveis elevados de segurança estrutural e de segurança de circulação”. As condições de segurança estão “integralmente cumpridas no caso em apreço - a presente intervenção visa precisamente tratar algumas patologias identificadas nas inspeções realizadas”, realçou.A intervenção na ponte, que diariamente é atravessada por mais de 115 mil viaturas, das quais cerca de três mil são pesadas, vai custar um pouco mais de 4,4 milhões de euros, 1,1 milhões abaixo do preço-base constante no concurso. Esta “poupança”, numa altura em que os preços dos materiais de construção e da mão de obra sofreram acentuados agravamentos, é explicada por “diversos fatores conjunturais verificados no momento da apresentação de propostas, alguns deles completamente alheios à IP”, como o número de empresas interessadas. O concurso recebeu seis propostas, duas abaixo do preço-base. A empreitada foi adjudicada à VSL.Ao longo de quase ano e meio (536 dias), a ponte será alvo de intervenções no revestimento da estrutura, onde serão realizadas reparações locais com microbetão ou com argamassa pré-doseada nas zonas onde se verificam anomalias causadas pela corrosão, explicou a IP. Serão também aplicadas mantas de fibra de carbono que vão permitir o controlo da fendilhação, para evitar a deterioração do revestimento de proteção e contribuir para o reforço da resistência ao esforço transverso. Será ainda aplicada uma proteção geral das superfícies de betão, aumentando a espessura do sistema de pintura. Está também prevista a substituição das juntas de dilatação e a colocação de novas guardas de segurança.Segundo João Paulo Guedes, professor na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), as intervenções prendem-se com a manutenção da ponte. “Não é um problema de segurança”, frisou. A obra que a IP pretende fazer visa “a proteção das superfícies para que o processo de envelhecimento seja o mais lento possível”.O docente, que integra a Divisão de Estruturas do Departamento de Engenharia Civil da FEUP, realçou que a ponte, pela sua localização junto ao mar, está exposta a um ar mais corrosivo (humidade mais salina), que pode provocar degradação do material e fissuras. Na sua opinião, as juntas de dilatação, essenciais em grandes massas de betão, podem também estar envelhecidas e daí a necessidade de substituição. De qualquer das formas, estas estruturas “têm coeficientes de segurança elevados”.A intervenção irá provocar condicionamentos de vias, que serão “limitados a períodos curtos, de pouco movimento”, disse a IP. O plano será realizado em articulação com as autoridades e as autarquias do Porto e Gaia. Segundo a Câmara de Gaia, “a intervenção foi articulada” com a edilidade. É “uma obra que incidirá essencialmente na estrutura/pilares da ponte e não no tabuleiro, pelo que não interferirá grandemente com a circulação automóvel”, diz. Já o município do Porto considerou que “a empreitada é exclusivamente da responsabilidade da IP” e, nesse sentido, não tem informação a avançar.A Ponte da Arrábida, inaugurada em 1963, é uma obra do engenheiro Edgar Cardoso, que ganhou notoriedade por ser, na altura, a travessia com o maior arco de betão armado do mundo, 270 metros. Classificada como Monumento Nacional desde 2013, já foi alvo de várias intervenções - a última de envergadura reporta a 2001. Mais recentemente, em 2019, foi sujeita a obras devido à queda de partes do revestimento. .220 milhões de euros para fazer circular mais comboios acima do Porto